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Prédio em NY terá 'entrada para pobre'

Construção em bairro nobre vai fazer portaria separada para moradores de apartamentos subsidiados pelo governo

Medida causou polêmica na cidade e até jornal conservador criticou; prefeitura autorizou a separação

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

Um edifício de luxo em construção em Nova York terá uma portaria separada para os apartamentos mais baratos --uma "entrada para pobre", como apelidou a imprensa local.

A prefeitura novaiorquina aprovou a criação, apesar dos esforços recentes para compelir o mercado imobiliário a "misturar" apartamentos mais baratos com unidades a preço de mercado, especialmente em Manhattan, onde o valor dos imóveis disparou na última década.

A entrada separada levará a apartamentos de aluguel permanente --não estão à venda--, que também não compartilharão as áreas sociais e os elevadores das unidades que serão vendidas a preço de mercado.

A incorporadora Extell, que constrói o prédio de 33 andares no tradicional bairro do Upper West Side, com vista para o rio Hudson, pediu em 2013 a criação da entrada diferenciada para os 55 apartamentos de aluguel social (que não terão vista para o rio). A obra será concluída no ano que vem.

Pela legislação local, há permissão de mais andares ou metros quadrados quando o construtor garante uma certa proporção de apartamentos a serem alugados abaixo dos preços do mercado (o aluguel também é subsidiado pelo governo, por meio de deduções fiscais).

O Plano Diretor de São Paulo, conjunto de regras que orientarão o crescimento da cidade pelos próximos 16 anos, aprovado pela Câmara, também traz diretrizes sobre habitações sociais em áreas nobres (leia mais abaixo).

No prédio da Extell, os inquilinos subsidiados serão escolhidos por sorteio e pagarão US$ 1.100 (R$ 2.431) por mês por um apartamento de dois quartos --um imóvel similar no bairro sem o subsídio tem aluguel médio de US$ 6.200 mensais (R$ 13.481).

Apenas famílias com renda inferior a 60% da média da renda local (equivalente a R$ 9.300 mensais para uma família de quatro pessoas) podem concorrer aos apartamentos subsidiados.

As demais 219 unidades do prédio, com vista para o rio, serão vendidas --em valores de hoje, as unidades mais baratas custariam pelo menos R$ 2,5 milhões.

CRÍTICAS

Até o jornal conservador "New York Post" chamou o prédio de "Downton Abbey", a série britânica que mostra as divisões físicas, em uma grande propriedade inglesa, entre nobres e serviçais no início do século passado.

"Esse arranjo é abominável e não tem lugar no século 21", afirmou a deputada estadual Linda Rosenthal, que representa o distrito na Assembleia Legislativa.

Na TV, a apresentadora Krystal Ball, da MSNBC, disse que o prédio era uma "metáfora de uma sociedade cada vez mais dividida, onde o 1% dos mais ricos não quer nem sequer ver como vivem os demais".

Em comunicado, a Extell disse que "muitos fatores contam no design de um prédio, como eficiência, custo e viabilidade financeira, especialmente quando há unidades de aluguel permanente em valor acessível. Estamos confiantes que não faltarão candidatos para morar neste belo bairro".


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