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Maria Nogueira Lucarelli (1910-2011)

Viúva de um ponte-pretano roxo

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Numa viagem de trem, Maria Nogueira Lucarelli conheceu Moysés. Seis meses depois, a moça de Rio Claro (SP) estava casada. Tinha 18 anos.

O marido era um encanador e eletricista que, desde os 11 anos, nutria uma inquebrantável paixão pela equipe da Ponte Preta, de Campinas.

Tão grande era seu amor pelo time que ele e dois amigos compraram o terreno para a construção de um estádio. Fez campanhas para arrecadar fundos e deu até dinheiro do próprio bolso.

Maria, uma autêntica dona de casa de sua época, como é descrita pela família, sempre apoiou o marido em suas investidas futebolísticas.

"Mesmo porque não tinha outro jeito", brinca a filha Maria Stela. Ela conta que a mãe não tinha ciúme da equipe. Era também uma torcedora, apesar de não ir às partidas. "Na época não era comum mulher frequentar estádios."

Em 1948, foi inaugurada a arena da Ponte Preta. O clube se aproveitou da ausência de Moysés, que fazia uma viagem, para botar o nome dele na obra, o que ele não queria.

Quando voltou a Campinas, não tinha o que fazer. O estádio Moisés Lucarelli (com "i", apesar de seu nome ser com "y") já estava batizado.

Ele foi dono da indústria de fogões elétricos Lucarelli e de uma loja de artigos de construção. Morreu em 1978.

Ao contrário do marido, brincalhão, Maria era contida e séria. Ativa, não parava um segundo, conta a família.

Gostava de ir ao apartamento que a família tem há mais de 40 anos no Guarujá.

Morreu na quinta (29), aos 101, em decorrência de uma pneumonia. Teve três filhos, sete netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br

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