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Em crise, USP cogita plano de demissão voluntária
Proposta estudada por universidade também inclui menor jornada de professor
Mudanças ainda serão discutidas; desde 2013, folha de pagamento é maior que todo o orçamento da escola
Em nova tentativa de atenuar uma de suas mais graves crises financeiras, a USP estuda implementar programa de demissão voluntária de funcionários e incentivo para que professores reduzam as jornadas de trabalho.
Desde o ano passado, o gasto com folha de pagamento é maior que todo o orçamento da universidade, que deve receber R$ 5 bilhões do Estado em 2014. Assim, a instituição tem usado reservas para sustentar as atividades.
Segundo texto obtido pela Folha, feito pela administração da universidade, a ideia é adotar programa de demissão voluntária que abranja 3.000 funcionários (o documento não especifica se a proposta inclui os professores).
No total, a instituição possui 17.450 técnicos administrativos e 6.000 docentes.
Segundo a proposta, a medida pode diminuir em 10% o gasto da USP com folha de pagamento, que hoje representa 106% do orçamento. As indenizações custariam, porém, R$ 600 milhões.
Por ser uma instituição pública, a universidade não pode demitir servidores como em uma empresa privada.
As mudanças ainda serão discutidas com outros dirigentes da USP antes de serem apresentadas para votação interna. Há a previsão também de que a universidade passe para o governo parte de sua estrutura e seus gastos.
Na sexta-feira (15), o reitor Marco Antonio Zago deve se reunir com diretores de faculdades para tratar do tema.
REDUÇÃO DE JORNADA
Outra medida estudada pela universidade é incentivar que professores diminuam as jornadas de trabalho e, com isso, reduzam seus salários. A ideia é que, para uma redução de 25% da jornada, haverá corte de 20% do salário.
O texto não informa qual será a economia caso todas as medidas sejam adotadas.
No início do ano, ao assumir o mandato, o reitor já havia tomado ações de restrição, como proibição temporária de contratações.
A política de cortes contraria parte da universidade, em greve há mais de dois meses devido à proposta do reitor de não dar reajuste salarial.
Para esses setores, em vez de a instituição fazer restrições, o governo deveria aumentar a verba para a universidade, que cresceu nos últimos anos sem que houvesse novo financiamento.
Apenas nos últimos cinco anos, o número de alunos cresceu quase 10%.
A legislação prevê que a USP receba 5% do ICMS (principal imposto estadual). O governo Geraldo Alckmin (PSDB) diz que tem cumprido o que a regra exige.