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Morador de Friburgo usa pinguela para fugir de enchente

Um ano após temporal que matou 428 pessoas, cidade volta a improvisar na retirada de famílias ameaçadas

ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA FRIBURGO

Novas cheias de rios em Nova Friburgo revelaram que, um ano após o temporal que matou 428 pessoas na cidade e mais de 900 na região serrana do Rio, o plano de emergência para chuvas ainda depende de improviso.

Moradores de áreas de risco atravessam pontes de madeira para fugir do perigo, e as sirenes instaladas após os desastres de 2011 não funcionaram como o previsto.

Ao menos 150 pessoas de Friburgo tiveram que sair de casa devido à chuva que atinge a cidade desde sábado.

Em Córrego Dantas, bairro mais afetado, a rota de fuga para metade dos moradores passa por uma frágil pinguela de madeira. Abrigos municipais ficam só num lado do rio.

Há 20 dias, uma ponte provisória erguida pela prefeitura desabou com a primeira enxurrada do verão. A outra fica submersa se o córrego sobe. Moradores protestaram e conseguiram, com a Cruz Vermelha e a Defesa Civil municipal, a alternativa: a pinguela.

"Estamos abandonados aqui. Perdi irmão e sobrinho na tragédia do ano passado e não quero ver isso de novo", disse a aposentada Áurea Bachini Werneck, 56.

ALARMES

Nem todos os alarmes funcionaram. Eles foram acionados em 15 das 24 comunidades onde foram instalados.

Mas, em alguns pontos, o acionamento remoto não funcionou -após 40 mm de chuva em uma hora ou 100 mm em um dia, as sirenes são ligadas da sede da prefeitura.

"Saí de casa porque estava chovendo muito e meu terreno está rachado. Liguei para a Defesa Civil para avisar que a sirene não disparou. O abrigo estava fechado e tiveram de ligar para alguém abrir", disse a doméstica Leila Martins, 38.

A prefeitura reconhece o atraso. Segundo o prefeito Sérgio Xavier (PMDB), só 30% do que a cidade precisa está sendo feito. Falta limpar rios, conter encostas e erguer casas para 10 mil pessoas que vivem numa das 58 áreas de risco.

A construção das primeiras 2.500 moradias começa apenas no dia 9. "As obras estruturais levam tempo. Agora não estamos administrando o desastre, mas o risco do que pode vir a acontecer", disse o secretário estadual da Defesa Civil, coronel Sérgio Simões.

Segundo ele, as falhas nas sirenes ocorreram em razão da falta de luz em algumas áreas.

Em Miguel Pereira, centro-sul do Estado, um idoso morreu após um barranco invadir sua casa. Os bombeiros acham que ele teve um infarto, pois não havia ferimentos. Há 50 desalojados e 30 desabrigados pelas chuvas na cidade.

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