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Kassab libera circulação de trens e diz que não há risco

Prefeitura reafirmou que implosão de prédio no centro ocorreu dentro do esperado

Decisão contraria a opinião de engenheiros ouvidos pela Folha, que dizem que implosão parcial aumenta perigo

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo decidiu liberar, a partir das 6h de hoje, a circulação de trens ao lado do prédio parcialmente implodido anteontem, na região central da capital paulista.

A decisão, anunciada ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) após nova vistoria, contraria a opinião de engenheiros ouvidos pela Folha, segundo os quais a implosão parcial do prédio aumentou os riscos de desabamento no local.

O edifício foi danificado por um incêndio na favela Moinho no último dia 22.

Três especialistas ouvidos pela Folha, que optaram pelo anonimato, afirmam que a edificação está mais vulnerável agora do que antes da implosão, pois seus pilares e lajes foram danificados pelas detonações do domingo.

"Eles têm que voltar para os bancos escolares", afirmou Kassab ontem à noite ao anunciar a liberação da circulação de trens. "Não há risco nenhum", disse o prefeito, assumindo totalmente a liberação das vias férreas.

Segundo engenheiros, há risco real de desabamento parcial das estrutura do edifício. Duas linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) cortam o local. A estimativa é que passem por ali 50 mil pessoas por dia.

José Luiz Lavorente, diretor de operações da CPTM, também participou da vistoria, mas se recusou a falar com os jornalistas.

O discurso oficial montado após a implosão do edifício danificado pelo fogo voltou a ser repetido ontem.

A prefeitura reafirmou que tudo ocorreu dentro do esperado e que, desde o começo, não estava prevista a queda total do prédio, inclusive por motivos de segurança para as casas vizinhas.

Em nenhum momento, até a detonação dos explosivos domingo à tarde, técnicos da prefeitura explicaram que a implosão seria apenas parcial.

Nem a prefeitura nem a empresa Fremix, contratada para a demolição do edifício -a Desmontec, que fez o trabalho de instalação dos explosivos, é terceirizada-, informaram quantos quilos de explosivos foram realmente usados no projeto.

No sábado, chegou a ser divulgado que seriam 800 quilos, número considerado um exagero por especialistas, que afirmam que com 75 quilos daria para colocar toda a edificação no chão.

Sobre o valor "referência", segundo Kassab, de R$ 3,5 milhões, a prefeitura disse que isso inclui a limpeza do local, e até a reciclagem do entulho. A implosão custou menos de R$ 1,5 milhão, diz o prefeito.

Nelson Pereira, sócio-diretor da Fremix, afirma que uma implosão parcial, seguida de demolição convencional, sai mais barato.

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