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Pais registraram boletim de ocorrência

Adolescente de 13 anos apareceu seminua em foto montada; 'não falo com mais ninguém da sala', afirma ela

Escola chamou uma advogada; uso do aplicativo 'ficou muito pesado', comenta um estudante de 12 anos

DE SÃO PAULO

Na sexta-feira 8 de agosto à noite, Mariana (nome fictício), 13, estava em casa com os pais quando apitou seu celular. Uma amiga dizia que ela precisava desmentir uma suposta foto sua seminua que circulava no Secret.

"Comecei a chorar e a gritar. Não era eu, era uma montagem. Minha mãe não deixa eu usar calcinha vermelha [a menina da foto usava]. Colocaram meu rosto no corpo de outra pessoa. Fiquei desesperada", lembra a estudante.

Em outros posts, ela e a amiga Laura (nome fictício), 14, eram alvo de apostas: "O que vocês acham das bests' ["best friends", melhores amigas em inglês]?; "Mais 50 curtidas e posto outra foto".

Os pais das meninas, que pedem que elas não sejam identificadas, fizeram boletim de ocorrência. "Me excluí da vida. Não falo mais com ninguém da sala", diz Mariana, que estuda na escola Miranda (zona oeste). Ela faltou a aulas devido ao episódio.

"As pessoas olham como se fosse de verdade [a imagem]. Alguns amigos defenderam a gente, mas muitos falam mal", diz Laura.

Sua mãe elogia a reação da escola: "Levaram uma advogada linha dura que disse que os pais de alunos que cometessem crimes contra a honra poderiam até ter de vender a casa para pagar multa".

As famílias acompanham o desenrolar do caso para decidir se acionarão a Justiça. Para a advogada de uma delas, Cristina Sleiman, "o aplicativo não pode ser responsabilizado por ações de terceiros", a menos que não atenda algumas regras.

Entre elas, manter dados que permitam a "identificação de autor de ato ilícito" ou ter meios para eliminar "conteúdos ilícitos ou que exponham intimidade".

INAPROPRIADO

"Baixei o aplicativo há uma semana. Só fico lendo e de vez em quando faço comentários", afirma um aluno de 12 anos do Santa Cruz. Sua turma costuma publicar textos de cunho erótico. No início, alguém dizia estar interessado numa menina. Amigos comentavam coisas como: "Impossível gostar dela!".

Em poucos dias, as publicações perderam a inocência. "[Os posts têm] tipo imagens de uma menina fazendo coisa errada. Sexo, vai. Aí os outros vão e xingam", relata o garoto. Ele diz ter tirado o aplicativo do celular. "Ficou muito pesado."

"Tem coisas fofas também, como alguém que postou que tinha doado sangue. Mas, se não tem maldade, não tem que ser anônimo", opina outra aluna do Santa Cruz, de 14 anos. A orientadora debateu o Secret com os estudantes. "Ela estava muito brava. Dizia que era caso de reformatório", relata a garota.

Em nota, a escola afirmou que tiveram "ótima receptividade" as conversas com alunos do 8º e do 9º anos do ensino fundamental.

"Sabemos, contudo, que nosso trabalho não cessa: novos comportamentos de exposição e risco surgirão e a escola precisará atuar novamente para ajudá-los a reavaliar suas ações", diz o texto.

Com preocupação semelhante, há alguns anos, o Bandeirantes incluiu a disciplina ética e cidadania digital no currículo.


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