Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Cotidiano

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

'Estava na cara que ia acontecer', diz viúva de cartunista

NATÁLIA CANCIAN DE SÃO PAULO

A viúva do cartunista Glauco Vilas Boas, morto em 2010, afirma que a prisão de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, sob suspeita de um novo crime já era prevista e que a Justiça cometeu "uma grande falha" ao liberá-lo.

"Estava na cara que isso iria acontecer de novo. Sempre tive certeza que ele ia cometer um novo crime. Só rezava que não fosse aqui na minha casa", disse Beatriz Galvão Veniss, 53.

"Sinto muitíssimo pelas famílias que agora sofrem por mais uma perda. Mas eu me sinto aliviada em saber que ele está preso. Espero ficar livre dele logo."

Para Beatriz, a equipe médica e a juíza Telma Aparecida Alves, que decidiram pela liberação de Cadu em agosto de 2013, cometeram um erro.

Na época, a Justiça avaliou que Cadu estava em condições de sair da clínica psiquiátrica e continuar o tratamento em um Caps (centro de atenção psicossocial).

A medida ocorreu dois anos após Cadu ser considerado inimputável (incapaz de responder pelos seus atos).

Beatriz rebate. "É lógico que ele tinha controle dos próprios atos", diz. "Nunca fiquei sossegada. Ele é monstruoso, um assassino frio. Ele não só matou, como torturou, bateu no Glauco, em mim", relata a viúva, que estava em casa no dia do crime.

Agora, ela cobra uma resposta do Judiciário. "Se soltarem ele de novo, é porque a Justiça não é só cega, mas também surda e muda."

Cadu conhecia a família por meio da igreja Céu de Maria, fundada por Glauco e que segue rituais do Santo Daime, como uso de chá alucinógeno. A morte do cartunista e do filho dele reabriu a discussão sobre práticas religiosas e os efeitos da substância.

Para Beatriz, o desenrolar do caso mostra que o argumento de que Cadu teve a condição de esquizofrenia agravada pelo Santo Daime não fazia sentido. "O que ele fez agora ele já havia feito antes. Mas antes tinha uma religião envolvida e aí foi muito fácil culparem a religião. E agora, vão culpar quem?"

"Tenho depoimentos gravados em que disse exatamente isso: que a juíza ia assinar um alvará de soltura junto com um atestado de óbito", disse Alexandre Khuri Miguel, advogado da família de Glauco.

O Tribunal de Justiça de Goiás não comentou o caso.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página