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Francisco Daudt

Medo

Quando alguém está no poder e ameaça fazer o diabo para mantê-lo, é inevitável que cause medo

Estresse é algo mal compreendido. Significa angústia prolongada. Angústia é um aperto no peito que o medo dá. Portanto, estresse é a condição de medo prolongado.

Temos medo de várias coisas: da ameaça física (violência humana, ataque animal etc.); do que nos leva a conter a raiva; da sifudência imaginada (ir à falência, ficar velho pobre e desamparado etc.); do que nos provoca culpa; e da ameaça de perda do amor de pessoas queridas.

Depressão é o resultado disso, uma defesa por encolhimento. Sugiro um vídeo no YouTube a respeito: "Eu tinha um cachorro preto". Feito pela OMS, ajuda o deprimido e seus próximos a levá-la a sério.

Medo. Minha irmã disse que tinha medo de pôr um adesivo no carro, declarando seu voto. Medo de que seu carro fosse depredado.

Lembrei-me de uma entrevista na TV há alguns anos com o chefe da não quadrilha do não mensalão, hoje semiencarcerado (injustamente, claro, por causa "daquele complexado").

Tive medo quando ele insinuou que apenas seu partido poderia conter a fúria dos "movimentos sociais", em caso de ameaça à estrutura de poder que seu partido havia montado, e que se pretende eterna.

Juntou-se a isso a promessa da candidata de que "em eleição se faz o diabo" para vencer.

A que "diabo" ela se referiria? Há várias possibilidades, desde a mais branda, como bloquear a grande imprensa de fazer perguntas em entrevistas coletivas, dando prioridade a blogueiros chapa-branca e levando jornalistas sérios a sortearem entre si as poucas perguntas que sobram.

Até mais graves, como arregimentar milícias de internautas para denegrir "inimigos", já com "aloprados" agindo dentro do Palácio.

Fato é que, quando alguém está no poder e ameaça fazer o diabo para mantê-lo, é inevitável que isso nos provoque medo.

Eu mesmo, que escrevo apenas para leitores deste jornal (mas sou da elite branca, parte dos "pessimistas" que vaiaram Madame) e, portanto, não sou grande ameaça, nenhum Celso Daniel, pois então, já ouvi me perguntarem se eu não tinha medo.

Claro que tenho. Movimentos sociais atiçados, internautas dedicados "à causa" que caluniam (Voltaire: "Minta, minta, sempre sobrará alguma coisa") buscando derrubar reputações --mesmo estando longe de ser uma Miriam, Sardenberg ou Merval-- ainda assim causam medo.

Levando em conta os modelos bolivarianos, de milícias que aterrorizam adversários, seguindo o exemplo das de Hitler, que o ajudaram a ser "chanceler com poderes especiais".

Levando em conta que ter "poderes especiais" com aparência democrática (Lula disse que "na Venezuela há democracia até demais") é tudo o que aspirantes a tirano buscam, sim, tenho medo por mim.

Mas tenho mais medo pelo meu país.

É curioso que a ditadura militar tenha se parecido tanto com o modelo bolivariano a que essa gente aspira: tirania, controle da mídia, perseguições aos inimigos e, sobretudo, economia estatizada. Páreo duro com o Geisel no desejo estatizante.

Não pensem que bato em cachorro morto. Ele está vivo. Quieto. À espreita...


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