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Agora, policiais civis param no Ceará

Após policiais militares decidirem voltar ao trabalho, em várias delegacias não havia agentes e escrivães trabalhando

Nos casos de violência, não havia garantia de que boletins de ocorrência seriam registrados no Estado

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A FORTALEZA

Enquanto governo e policiais militares discutiam o fim da paralisação, policiais civis do Ceará decidiram entrar em greve.

Inspirados no movimento dos colegas, a categoria -que reivindica melhores salários e redução da carga horária- tentou invadir a superintendência da instituição, mas acabou acampada em frente ao prédio, em Fortaleza.

Carros usados pelos grevistas tiveram pneus esvaziados.

Em diversas delegacias, apenas os delegados mantinham expediente -agentes e escrivães pararam de trabalhar.

Parte dos militares que estava nas ruas foi deslocada para delegacias e para a sede da Polícia Civil para "garantir a continuidade dos serviços e a preservação das instalações", segundo nota do Comando da 10ª Região Militar do Exército.

Crimes que não envolvem violência podem ser registrados pela população em boletins de ocorrência eletrônicos. Nos casos de violência, não há garantia de que os boletins serão registrados, informaram os policiais.

As investigações policiais também pararam no Estado.

POLICIAIS MILITARES

A greve dos policiais militares e bombeiros do Ceará terminou na madrugada de ontem, mas o policiamento nas ruas de Fortaleza só deverá ser normalizado hoje.

Veículos usados no patrulhamento, com os pneus esvaziados e até sem bateria, continuavam parados no início da tarde em frente ao quartel tomado pelos grevistas, na capital.

Poucos policiais e carros da corporação circularam durante o dia. Homens do Exército e da Força Nacional de Segurança, armados com fuzis, ainda protegiam áreas prioritárias, como as praias.

Os PMs começaram a desocupar o quartel de manhã, após faxina no local. Três toneladas de alimentos estocados foram doadas.

"Foi dia de colocar a casa em ordem", disse o secretário do Planejamento e Gestão do Ceará, Eduardo Diogo. "O importante, hoje [ontem], foi devolver a sensação de segurança à população", afirmou.

ACORDO

A greve que provocou pânico na cidade começou em 29 de dezembro e acabou após uma reunião de três horas, no Palácio da Abolição, sede do governo estadual.

No encontro, o governo concordou em incorporar aos salários dos policiais ativos e inativos uma gratificação de R$ 920,18, elevando o piso da categoria para R$ 2.634.

A jornada de trabalho dos PMs foi fixada em 40 horas semanais. O governo aceitou também anistiar os policiais envolvidos na greve.

A ação de reintegração de posse do quartel, que estabelecia multa para cada policial e para as entidades envolvidas, também deverá ser retirada da Justiça pelo Estado.

Houve impasse na reunião quando os policiais insistiram em definir percentuais de reajuste para os próximos anos. O governo não aceitou, e a discussão ficou para abril.

Colaborou LUIZA BANDEIRA, de São Paulo

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