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Haddad recua e autoriza táxis nas faixas de ônibus

Decisão ocorre a três semanas da eleição; meio de transporte tem 500 mil usuários

Para especialistas, decisão pode anular benefícios com pistas exclusivas; promotor diz que irá à Justiça

ANDRÉ MONTEIRO DE SÃO PAULO

O prefeito Fernando Haddad (PT) anunciou nesta sexta-feira (12) a liberação da circulação de táxis em todas as faixas exclusivas de ônibus de São Paulo, recuando da posição adotada até então.

Os táxis estavam vetados na maioria dos 440 km de pistas exclusivas à direita, com o argumento de que a prioridade é a circulação dos ônibus.

A partir deste sábado, os táxis poderão usar as faixas em qualquer horário, desde que tenham passageiros.

Segundo Haddad, a decisão ocorreu após técnicos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) concluírem que os táxis não prejudicarão os ônibus nas faixas.

Para chegar a essa conclusão, conforme o prefeito, foi estudado o tráfego nos 70 km de faixas em que os táxis foram autorizados a circular em março, como na av. 23 de Maio.

A medida ocorre a três semanas das eleições, em que o PT enfrenta uma disputa acirrada na campanha presidencial e situação delicada na estadual --na mais recente pesquisa Datafolha, Alexandre Padilha, candidato do partido, tem 9% das intenções de voto ante 49% de Geraldo Alckmin (PSDB).

Segundo a Folha apurou, a decisão de Haddad atende a pressões de alas do PT, que atribuem ao prefeito parte das dificuldades de Padilha e cobravam mais ações.

O ex-presidente Lula chegou a declarar, em tom de brincadeira, que xingava Haddad quando estava no trânsito e via faixas vazias.

Com a liberação aos táxis, Haddad atende também um dos principais pleitos da categoria, que resiste à sua gestão, mas apoia a reeleição de Dilma à Presidência.

No último sábado (6), ela participou de evento promovido pelo Sindicato dos Taxistas Autônomos, que representa 34 mil profissionais.

Natalício Bezerra, presidente da entidade, nega ter pedido a interferência da presidente. "Nem toquei nesse assunto. Nem ela pediu para vir aqui, foi eu que convidei."

Segundo Haddad, sua decisão vai beneficiar os cerca de 500 mil passageiros que usam táxis diariamente --nos ônibus, são 5 milhões.

CRÍTICAS

A decisão é criticada por especialistas, que dizem acreditar que a medida pode anular os benefícios obtidos com a criação das faixas --Haddad implantou 356 km.

Segundo o último balanço da CET, houve aumento de 69% na rapidez dos ônibus.

"Pode ser um tiro no pé, atrapalhar o que se ganhou. Deveria ser no caso a caso, não liberar geral. Se houver volume significativo de táxis, vai afetar o desempenho do transporte coletivo", afirma o consultor Horácio Figueira.

O promotor Maurício Ribeiro Lopes, que firmou acordo com a prefeitura para retirar os táxis dos corredores, diz que entrará com ação contra a administração. "Pobre cidade cujo prefeito prefere afagar a burguesia que anda de táxi a respeitar o povo que se espreme nos ônibus."


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