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Opinião

Faltou conversar com a cidade sobre o plano das ciclovias

LEÃO SERVA COLUNISTA DA FOLHA

De repente, do consenso fez-se a cizânia. Na campanha eleitoral de 2012, os principais candidatos prometeram aumentar a rede de ciclovias da cidade. Para todos, isso contou pontos positivos e nenhuma crítica. Mas, quando a administração Fernando Haddad passou da promessa à implantação, desde junho, surgiu uma estridente reação negativa.

Há críticos à obra de Haddad até em seu partido, como o ex-secretário Antônio Donato; como há elogios entre políticos da oposição.

É indiscutível, no entanto, que a prefeitura não fez uma ampla divulgação prévia do projeto, e isso provoca reações: a cidadania não gosta de ser alienada.

Aparentemente, o secretário Jilmar Tatto, incumbido de implantar as ciclovias, decidiu repetir o método que adotou para introduzir as faixas exclusivas de ônibus: em um ano, a secretaria de Transportes implantou o dobro da quilometragem prometida. Primeiro, muitos gritaram, e o trânsito piorou. Os meses se passaram, e a velocidade do transporte público aumentou. O resultado foi ampla aprovação. No entanto, é preciso lembrar que a história não se repete sempre igual.

De seu lado, o prefeito pode ter uma boa razão para chamar todas as atenções para as ciclovias: distrair a opinião pública, já que não conseguirá implantar os 150 km de corredores de ônibus que prometeu na campanha, eles sim, decisivos para a mobilidade da cidade. Em verdade, os cerca de 35 km que poderá inaugurar são projetos lançados e licitados por seu antecessor, Gilberto Kassab. Obras grandes e caras, os corredores levarão em torno de dois anos para ficar prontos se tudo correr muito rápido.

Mas Haddad ainda não fez nem mesmo as concorrências, depois virão os questionamentos judiciais, adiante as desapropriações...

A esta altura, já não dá mais tempo de entregar os corredores prometidos até o fim do mandato.

Isso explica a pressa que leva a implantar ciclovias com perigosos buracos; que mudam de lado da rua em cruzamentos; onde pedestres correm, como na Sumaré; sem separação física junto a vias de trânsito mais rápido do que 40 km/h etc.

Há pontos positivos. A criação da faixa, em si, atrai usuários. Na ciclovia da Eliseu de Almeida o número de ciclistas cresceu em 53% segundo o coletivo Ciclocidade. No centro também já se nota o aumento de ciclistas. É uma área de poucos moradores mas destino diário de milhares de usuários. Por isso erra quem pensa que a ação deveria começar pela periferia.

Também está certa a prefeitura em fazer ciclovia na Paulista, que já é usada por muitos ciclistas. É uma via tão necessária quanto simbólica. Mas é preciso que a sociedade discuta como deve ser a cirurgia em sua principal artéria. Não dá para enfiar pela goela e depois ver como ficou.

As ciclovias têm aceitação da imensa maioria dos paulistanos, como mostra o Datafolha. A pressa e certo espírito autoritário na sua implantação estão causando reação negativa onde deveria haver só simpatia.


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