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Caçadores de vento Gringos e brasileiros se cruzam pelos mares do país com o kitesurfe, 'mix' de surfe, windsurfe e voo livre ROBERTO DE OLIVEIRADE SÃO PAULO Cajueiro da Praia (PI), Preá (CE) e São Miguel do Gostoso (RN) são destinos, digamos, de nomes afáveis, cravados no litoral nordestino, bem na "esquina", onde o Brasil fica mais pertinho da África. Faz um calor de rachar o coco, mas o pessoal que se vê no mar não está lá muito bolado com o sol. O barato, por aquelas ondas, é o vento. Eles são praticantes do kitesurfe, "mix" de surfe, voo livre e windsurfe, que, a cada temporada, ganha novos adeptos pelos mares daqui. O esporte deve ser uma das sensações deste verão. O kite é relativamente novo no Brasil. Começou a ganhar os ares nos anos 1990. Os primeiros que aportaram nas praias brasileiras armados de pipas e pranchas foram os europeus, principalmente italianos e franceses. Quando as férias acabavam, muitos deles abandonavam a parafernália em praias brasileiras. Então, nativos que trabalhavam nos mais diferentes ramos apoderavam-se do material esportivo e se arriscavam em manobras pelo mar. Foram aprendendo. Resultado: hoje, os principais kitesurfistas na categoria "freestyle" têm "origem humilde", informa a ABK (Associação Brasileira de Kitesurf). O equipamento completo custa cerca de R$ 4.000 -o aluguel sai por R$ 180/dia. Nunca o país teve tantos praticantes: são cerca de 8.000, segundo cálculo de Américo Pinheiro, 39, presidente da ABK. Desse total, ao menos 300 são profissionais. Mas o kite não fez a cabeça só da galera "profissa". Moradora de Salvador, a juíza do Trabalho Silvia Teixeira, 35, viaja até São Miguel do Gostoso ao menos duas vezes por mês. Percorre mais de 1.000 km atrás de... vento. O contato com a natureza, como diz ela, é o melhor presente. "A gente vê tartarugas, grandes cardumes, golfinhos. Chega a assistir aos saltos das arraias. É um privilégio." Sem contar a emoção do "downwind", ou seja, "você faz a travessia de uma praia para outra ao sabor gostoso do vento", conta a juíza. VENTO, VENTANIA Apesar de o Nordeste ser um dos melhores lugares do mundo para praticar o kitesurfe, é possível se deparar com as manobras radicais de Santa Catarina ao Piauí. No litoral paulista, o melhor lugar é Ilhabela. A Barra é o "point" carioca do kite, como se vê em cenas da novela da Globo "Fina Estampa" gravadas por lá. "É o esporte do verão", empolga-se Fabio de Maria, 45, empresário paulistano, um dos pioneiros do kite no país. O empresário cria equipamento, importa, organiza campeonatos e ainda atua em polos turísticos no litoral do Ceará, do Rio Grande do Norte e do Piauí, regiões que compõem a chamada "rota da ventania" brasileira. Nesses Estados nordestinos, o vento é generoso o ano inteiro. Fica mais intenso de novembro a março, período de inverno no hemisfério Norte. É nessa época do ano que europeus dividem o mar com seus "herdeiros" brazucas. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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