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PM dispersa usuários de crack com bombas e tiros

Policiais e seguranças passam a noite tentando liberar ruas da cracolândia

Polícia Militar afirma que balas de borracha foram disparadas para liberar a circulação nas ruas do centro de SP

AFONSO BENITES
FELIX LIMA
DE SÃO PAULO

O primeiro fim de semana de ocupação da PM na cracolândia foi marcado por correria, bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha entre a noite de sábado e a madrugada de ontem.

A movimentação dos usuários de crack foi intensa desde as 22h de sábado na região do Bom Retiro, localizado no centro de São Paulo.

Era um esconde-esconde.

De um lado, os viciados caminhavam frequentemente de uma rua para outra procurando os traficantes. De outro, PMs, guardas-civis e seguranças de prédios iam em busca dos usuários de crack para evitar aglomerações.

Por volta das 23h45 de anteontem, cerca de cem usuários e traficantes se concentraram na rua dos Gusmões, entre as ruas Guaianases e Conselheiro Nébias.

Foi o sinal para que dois policiais militares saíssem de um carro da corporação e disparassem bombas de efeito moral e balas de borracha para dispersar a turba.

A ação, que durou menos de três minutos, foi presenciada pela Folha. Não houve confronto. Após os tiros, usuários de drogas se espalharam por toda a região.

Cerca de 20 minutos mais tarde, o bairro estava cheio de carros da PM e da Guarda Civil Metropolitana.

Até as 2h de ontem, ao menos outras três bombas de efeito moral foram atiradas no quadrilátero das avenidas Duque de Caxias e Rio Branco, da alameda Barão de Limeira e da rua dos Timbiras.

Moradores da região dizem nunca ter visto ação tão enérgica para dispersar a massa de consumidores de drogas.

"A polícia está agindo mais firme e dispersando os 'noias' [apelido dado aos usuários de crack], coisa que não fazia antes da operação", afirmou um aposentado.

A PM disse que agiu assim porque precisava liberar o trânsito.

Até o mês passado, só seguranças dos prédios da região faziam a dispersão dos usuários de drogas.

Toda noite cinco vigias os intimidam, impedindo aglomerações. Eles caminham com bastões nas mãos gritando para deixarem o local. Costumam ser atendidos.

"Sou segurança há 18 anos aqui. Agora, corremos mais porque os viciados estão mais espalhados", disse o chefe dos seguranças Fernando Pereira da Cruz.

PARA LÁ E PARA CÁ

Apesar da ação da PM, ontem à tarde, usuários de drogas estavam nas ruas de novo. Na rua Guaianases, dez deles fumavam crack sem ser incomodados. Por volta das 14h, um carro da polícia passou e o grupo dispersou.

Na rua dos Gusmões, eles se concentravam no quarteirão entre a avenida Rio Branco e a rua Santa Efigênia. Em frente às lojas fechadas, o movimento de usuários de drogas era constante.

Para moradores ouvidos pela Folha os viciados parecem estar mais agressivos, aparentemente porque têm menos acesso ao crack nos últimos dias devido ao aumento da repressão policial.

Um morador afirmou que seu carro foi cercado por dez viciados que tentaram roubá-lo quando saía de casa, na madrugada de anteontem.

Colaboraram RICARDO GALLO e EMILIO SANT'ANNA

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