Família de jovem sequestrado no Paraguai relata alívio após vídeo
Pai de brasileiro de 17 anos mantido refém há mais de 200 dias teme novo pedido de resgate
Arlan Fick é mantido prisioneiro por grupo paraguaio desde abril; pai diz ter feito hipoteca para libertá-lo
Familiares de Arlan Fick, 17, o brasileiro sequestrado desde abril no Paraguai, afirmam que ficaram aliviados com a divulgação de um vídeo gravado na quarta-feira (22), em que o garoto aparece vivo.
A irmã Rossinei Fick conta que estava no trabalho quando recebeu um telefonema da mãe, assim que a família foi chamada por agentes paraguaios. "Depois de 30 minutos o pai me ligou chorando."
"Estou um pouco mais tranquilo, mas nos preocupamos porque ele não está em casa ainda. Depois de mais de 200 dias é a primeira vez que conseguimos uma prova de vida", diz o pai, Álcido Fick.
Ele vive em Paso Tuyá, onde seu filho foi sequestrado.
Desde o dia 2 de abril, Arlan está nas mãos do EPP, o Exército do Povo Paraguaio. Os sequestradores exigiram resgate de US$ 500 mil e distribuição de US$ 50 mil aos moradores de alguns povoados pobres do Paraguai.
A família cumpriu a determinação no dia 10 de abril, mas o garoto não foi solto.
Para o pai e para a irmã, não está claro ainda por que Arlan não foi solto. Álcido descarta a possibilidade de um novo pagamento.
"Eu hipotequei minha terra. Se eu não conseguir devolver o empréstimo, saio daqui [do Paraguai] sem nada", diz.
Ele pondera que talvez o EPP queira demonstrar força. A irmã também levanta a hipótese de que os sequestradores mantenham Arlan como uma medida de segurança: "[O EPP] tem medo de que, depois de soltar, [os militares e policiais] vão com tudo contra eles. Eles só vão soltar quando se sentirem seguros".
No vídeo divulgado na quarta, Arlan lê um texto que diz que "O EPP vai cumprir tudo que prometeu ao meu pai... Eu peço a intermediação do governo brasileiro para que garanta minha vida quando a guerrilha me libertar".
O Itamaraty diz que o caso está sendo acompanhado pela embaixada em Assunção e pela Polícia Federal.
Álcido, no entanto, afirma que "o governo brasileiro está muito lento".
Segundo jornalistas paraguaios, a origem do EPP é um partido político chamado Pátria Livre. Em 2001, eles se transformaram em grupo criminoso e começaram os sequestros. Querem ser reconhecidos como guerrilheiros.
Eles mantém sequestradas duas pessoas --além de Arlan, está detido o policial Edelio Morínigo Florenciano.
O EPP exige que o governo solte seis membros presos em troca da liberdade dele. No vídeo divulgado recentemente, referem-se a ele como "prisioneiro de guerra" e dizem que o prazo para a negociação é o dia 1 de novembro.