Outro lado
Alckmin nega ter vetado alerta sobre falta d'água
Poucas horas após a divulgação do áudio da reunião da Sabesp, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) negou, em nota, que o governo tenha vetado qualquer alerta sobre a crise de água em São Paulo.
O governo também transferiu para a Sabesp a tarefa de explicar a fala de Dilma Pena, presidente da companhia, que disse na gravação seguir "orientação superior" para não intensificar os alertas.
Com a nota, Alckmin tenta tirar o foco de si --às vésperas da eleição presidencial-- e jogá-lo sobre Dilma, já desgastada com a crise e com os dias contados para deixar a Sabesp.
"Cabe à Sabesp, empresa autônoma, esclarecer as circunstâncias e o sentido das frases gravadas e vazadas seletivamente a dois dias das eleições", diz a nota.
Em seguida, Dilma Pena, também em nota, afirmou que a política de comunicação havia sido decidida pela empresa, contrariando a própria declaração gravada na reunião de julho.
Alckmin também tentou rechaçar a acusação de que foi pouco transparente com a população até aqui, reiterada por seus adversários durante a campanha eleitoral e reforçada pelos áudios divulgados nesta sexta.
"O governo de São Paulo nunca vetou qualquer alerta sobre a crise hídrica. Ao contrário, o próprio governador concedeu mais de uma centena de entrevistas coletivas, desde fevereiro, para salientar a gravidade da maior seca já registrada na história", afirmou o governo.
A liderança do PT na Assembleia Legislativa disse que vai entrar com representação no Ministério Público para que este investigue um possível ato de improbidade do governador e do secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, alegando que ambos foram omissos.
CAMPANHAS
Ontem, após a divulgação do áudio, a Sabesp tentou reforçar as ações feitas desde o início da crise hídrica. Disse ter feito oito campanhas publicitárias ao longo do ano, com mais de 3.000 inserções de TV e 13 mil de rádio.
Pelas contas da estatal, cada paulistano foi impactado mais de 40 vezes pelas mensagens de economia de água.
A empresa afirma que também distribuiu 2,7 milhões de panfletos informativos.
Outra medida, segundo a companhia estatal, foram visitas a 30 mil condomínios, em 89 bairros da capital, além do bônus para quem economizar água.