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Homem rouba carros, dá tiros e depois desaparece

Pânico toma conta de ruas paulistanas num percurso de cerca de 40 km

Polícia diz que atirador pode ter tido surto psicótico; família de suspeito acredita que ele é vítima de sequestro

Foto Apu Gomes/Folhapress
Táxi que bateu em poste na av. Tancredo Neves, após ser roubado por suspeito que atirou a esmo na zona sul de São Paulo
Táxi que bateu em poste na av. Tancredo Neves, após ser roubado por suspeito que atirou a esmo na zona sul de São Paulo

GIBA BERGAMIM JR.
DE SÃO PAULO

Num dia de fúria, um homem roubou quatro carros na sequência, bateu mais de uma vez, atirou aleatoriamente nas pessoas e sumiu, deixando para trás dois baleados, automóveis destruídos e paulistanos em pânico.

A polícia afirma que o principal suspeito de ter protagonizado a série de crimes num percurso de cerca de 40 quilômetros durante a madrugada de ontem é um artista plástico formado em administração de empresas de 35 anos.

O suspeito mora num condoimínio em Cotia, na Grande São Paulo, e segundo a polícia, saiu de casa levando um colete a prova de balas.

DESAPARECIDO

A família do homem apontado pela polícia como principal suspeito de ter levado pânico às ruas pediu ontem para que ele não fosse identificado. Alegou que ele pode ter sido sequestrado e, portanto, corre o risco de ser assassinado. Até a conclusão desta edição, ele estava desaparecido.

Segundo policiais, ainda pela manhã, uma pessoa que se identificou como namorada do suspeito foi à delegacia e disse que ele saiu de casa quando ela estava dormindo.

Duas vítimas reconheceram o suspeito por foto no 26º DP, no Sacomã. O delegado Marcos Manfrim recebeu a informação de que o atirador teve um surto psicótico.

AÇÃO

A saga começou às 5h20, na avenida dos Bandeirantes, no sentido da rodovia Anchieta. Ali, quase em frente à pista do aeroporto de Congonhas, um homem abandonou um Corolla blindado.

Com a arma em punho, foi até o semáforo fechado e mandou o taxista Elias da Silva, 37, e uma passageira descerem do carro, um Meriva.

Antes de qualquer reação, ele atirou várias vezes no lado da passageira. "Ele estava alucinado e queria fugir dali", disse Elias, que saiu do carro, ajudou a passageira a sair e viu o atirador partir.

Em alta velocidade, o atirador chegou com o Meriva na avenida Tancredo Neves.

No cruzamento com a avenida Nossa Senhora das Mercês, ele bateu o táxi em um Fiat Brava, dirigido pelo instalador de TV a cabo David Neves, 29, que estava com a mulher, Hérika, e o filho Thalles, de dois meses. O carro foi lançado 50 metros adiante.

"Meu filho ficou prensado contra o banco do motorista. A cadeirinha o salvou. Foi um horror", desabafou Neves.

Testemunhas dizem que o atirador desceu do carro e, aos gritos, voltou a disparar.

Manuseava a pistola com técnica, afirmam as pessoas ouvidas pela polícia.

A vítima seguinte foi o eletricista Emiliano Borges, 50, que estava dentro de sua Ecosport, acompanhado de sua mãe. Ele foi atingido na barriga. "Ele gritou 'sai que eu tô em fuga, filho da puta', e atirou contra a porta várias vezes", contou Borges a familiares no hospital, ontem.

Mas o atirador não conseguiu ligar a Ecosport e partiu em direção a outras vítimas.

No meio da Tancredo Neves, atirava contra tudo e todos. Atravessou a via e correu em direção ao Logan do engenheiro Ademir Guerreta, 61, que seguia no sentido marginal. "Ele chegou e atirou. Tive tempo de desviar a cabeça e pôr a mão. O tiro pegou de raspão", contou Guerreta, mostrando o ferimento.

Depois de abordar o Logan, o atirador prosseguiu. Foi até o Polo da professora Ivete Cruz e atirou várias vezes, atingindo a coluna lateral do carro. "Eu pedi calma e ele foi me arrancando de dentro do carro", lembra a professora.

O atirador assumiu o controle do Polo e saiu em alta velocidade. Andou 600 metros e bateu contra um ônibus sem passageiros e descarregou a arma.

Mas a saga não terminou aí. Após a batida, o atirador então abordou o motorista de um Ford Ka e fugiu.

A série de colisões continuou. Na avenida do Estado, região central da cidade, o atirador bateu o Ford Ka, tomou um Celta de outro motorista e bateu novamente, agora na marginal Tietê, na altura na ponte da Casa Verde, já na zona norte paulistana.

Depois disso, o atirador sumiu. Não foi visto por mais nenhuma testemunha.

"Nasci de novo", foi a frase mais vezes repetida por vítimas ontem na delegacia.

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