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PM aponta arma para estudante na USP e é afastado

Confusão aconteceu ontem de manhã, quando dois policiais foram chamados para ajudar em desocupação

Sargento agrediu um aluno que não quis mostrar carteirinha; comandante disse que houve 'desequilíbrio'

RAPHAEL SASSAKI
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Um policial militar apontou uma arma para um estudante dentro da USP e depois chegou a dar um tapa no rosto dele na manhã de ontem.

O caso ganhou repercussão depois de um vídeo com imagens da ação ter sido postado no site YouTube, e os dois policiais foram afastados de suas funções pelo comando da PM na zona oeste.

Os dois vão responder a uma sindicância.

A confusão aconteceu depois que o sargento André Ferreira, que apontou a arma, e o soldado Rafael Fazolin foram chamados pela guarda universitária para ajudar na retirada de alunos que ocupam o centro de vivência, fechado desde 2006.

Segundo o coronel Wellington Venezian, comandante da área de patrulhamento da USP, o início da abordagem, quando o sargento tenta negociar a desocupação do local, é correta. "Mas, depois, ele tomou uma atitude que nós desaprovamos", afirmou.

A AÇÃO

Durante conversa com os estudantes por volta das 11h de ontem, o sargento Ferreira se dirige para um jovem negro, de cabelo rastafári, que está ao fundo. E pergunta se ele é estudante da USP.

O jovem responde que é, mas se recusa a mostrar identificação, e o PM chega a apontar a arma para ele. Depois, puxa o jovem para fora.

O jovem é Nicolas Menezes Barreto, que no vídeo aparece mostrando sua carteirinha de estudante de ciências da natureza na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste. A Folha deixou recados por meio de colegas dele, mas não obteve resposta.

Na avaliação do comandante da PM, o sargento mostrou "desequilíbrio" e "despreparo ao lidar com o público". Por isso o afastamento.

"Como faziam parte da mesma guarnição, o soldado, que não comunicou o episódio aos seus superiores", também está afastado.

O sargento, depois da agressão, chega a retirar sua identificação da farda, na tentativa de esconder seu nome. E continua, de forma truculenta, a dar empurrões.

O estudante Rafael Alves, 29, que aparece no vídeo negociando com os policiais, diz acreditar que houve racismo. "O PM procurou alguém que ele achava que não estudava na USP. Mas, às vezes, negros entram na universidade."

O incidente é mais um desde que a PM fez um convênio com a USP em setembro, depois que o estudante Felipe Ramos Paiva, 24, foi morto no estacionamento, em maio.

Em outubro, três alunos foram pegos com maconha no campus e levados à delegacia -colegas reagiram e houve confronto com a PM.

Depois, alunos invadiram a reitoria, e cerca de 400 policiais cercaram o local para desocupá-la. Pelo menos 72 pessoas foram detidas.

Veja as imagens da ação
folha.com/no1032010

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