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Virgínia Leite (1916-2012)

Foi enfermeira na Segunda Guerra

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Virgínia Leite assustou todo mundo quando entrou no ônibus com uma arma. Acabou tendo de dar explicações. Não era para uso pessoal: a peça, contou, estava sendo levada ao museu da Casa do Expedicionário, em Curitiba.

Paranaense de Irati, foi professora primária até decidir se inscrever como voluntária da Cruz Vermelha para ir à Segunda Guerra Mundial.

O país enviou à Europa 68 enfermeiras. Virgínia foi em 1944 à Itália, onde ficou oito meses cuidando dos feridos.

Quando retornou, passou a se dedicar à memória da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Ajudou a fundar a Legião Paranaense do Expedicionário e, entre os anos 70 e 80, percorreu o país atrás de material (como a arma que carregou no ônibus) para compor o acervo do museu.

A historiadora Carmen Lúcia Rigoni, estudiosa da Segunda Guerra e amiga de Virgínia, destaca a capacidade que a enfermeira teve para angariar respeito num ambiente masculino e machista como o dos expedicionários.

Memória viva sobre a participação do Brasil na guerra, costumava ajudar os pesquisadores e a dar entrevistas.

"A família não conseguia fazer as coisas com ela, mas os expedicionários conseguiam", brinca a sobrinha Ana Maria. Apesar das dificuldades para andar, deixou de ir a poucas solenidades.

Das enfermeiras do PR que foram à guerra, era a última ainda viva. Esteve lúcida até o fim. Internada por causa do coração, teve devaneios devido aos remédios e comemorou o fim da guerra como se tivesse acabado de ocorrer. Morreu na quinta (5), aos 95. Solteira, não teve filhos.

coluna.obituario@uol.com.br

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