PM reforça policiamento em bairro após toque de recolher
Criminosos mandaram comerciantes fecharem as portas na terça-feira (25)
Investigação conclui que ato não foi feito pelo mesmo grupo que ateou fogo em ônibus na av. Zaki Narchi
No dia seguinte ao toque de recolher imposto por criminosos a comerciantes e moradores da região da Vila Medeiros, na zona norte de São Paulo, boatos de novas ações e um clima de apreensão rondaram a vizinhança.
Apesar disso, o comércio funcionou normalmente e as pessoas estavam nas ruas nesta quarta-feira (26). Para prevenir novos problemas, a Secretaria da Segurança Pública afirmou ter aumentado o policiamento na área.
Por volta das 16h, policiais militares fizeram uma blitz de cerca de 40 minutos na avenida Roland Garros, a mais afetada pelo toque de recolher da tarde de terça (25).
A poucos metros do local da blitz fica a pizzaria onde foi morto, no domingo (23), Jeorge Ponciano, o J.J., de 39 anos. Segundo a polícia, ele era traficante. A reportagem apurou que ele seria ligado à facção criminosa PCC.
De acordo com a polícia e com os moradores da área --que só falaram com a Folha após os repórteres provarem que não eram policiais à paisana--, o toque de recolher foi em reação à morte de J.J..
Ele foi assassinado a tiros por homens que estavam em duas motos e fugiram sem ser identificados pela polícia.
O delegado seccional da zona norte, Ismael Lopes, afirmou que a polícia prendeu dois adultos e apreendeu dois adolescentes em flagrante, na terça (25), enquanto eles mandavam os comerciantes fecharem as portas.
Segundo Lopes, os detidos eram amigos de J.J.. Um continua preso, o outro pagou fiança. Os dois devem responder por associação criminosa --pena de até oito anos de reclusão. Os adolescentes foram para a Fundação Casa.
Pessoas na região afirmam que os criminosos atribuem a morte de J.J. à polícia. Para o delegado, não há indícios de que o traficante tenha sido morto por policiais.
Momentos após o início do toque de recolher na Vila Medeiros, adolescentes queimaram um ônibus e um carro roubado na avenida Zaki Narchi.
Segundo Lopes, a investigação concluiu que o toque de recolher e o ônibus queimado não foram atos executados pelo mesmo grupo. O delegado diz que o pânico gerado pelo toque nas redes sociais estimulou os adolescentes a atearem fogo no ônibus.
O incêndio foi executado por jovens a mando de sete adultos que já haviam queimado outro ônibus no mesmo local em 26 de outubro.
Naquela ocasião, o ataque foi em represália à morte de um homem pela PM dentro de um conjunto habitacional da avenida. Ele era suspeito de ter roubado um carro.