Pais precisam cobrar colégios, diz especialista
O aluno que muda da escola privada para a pública não necessariamente terá uma defasagem de conteúdo, afirmam especialistas em educação. Mas eles ressaltam que é importante continuar acompanhando de perto o dia a dia do colégio.
"Há escolas de boa e de má qualidade tanto no setor público como no privado. A diferença é que, como o setor público responde por 83% do total das matrículas no país, é maior a probabilidade de ter escolas de má qualidade", afirma a ex-secretária paulista da Educação Maria Helena Guimarães de Castro.
Diretora do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), ela observa que não é raro um professor acumular trabalho em escolas públicas e em privadas, mas nestas o controle da presença é mais efetivo, diminuindo a insatisfação dos pais.
Para mitigar essa diferença, é fundamental que a família cobre qualidade da unidade pública da mesma forma que cobraria de uma particular, diz Neide Noffs, professora de psicopedagogia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
"O problema não é ir para a escola pública, é o pai abandonar o acompanhamento porque não está pagando", diz. "Ao mudar a escola do filho, o pai tem que mudar também a sua mentalidade." Cabe à família criar ambientes de estudo em casa e cobrar esforço do filho, afirma Noffs.
MOTIVOS
Estudiosos da área de educação avaliam que a migração de alunos do colégio privado para a rede estadual é motivada especialmente por dificuldades financeiras.
Para Valéria Souza, assessora de gabinete da Secretaria Estadual da Educação, além da motivação econômica, a diversidade é um atrativo da escola pública.
Ela cita o convívio com cadeirantes e discussões abertas sobre homossexualidade como exemplos da inclusão social que a rede fomenta.
Souza nota que as escolas de tempo integral atraem pela interação mais próxima do aluno com o professor.
Rafael Amador, 17, deixou o Objetivo para estudar na estadual Alexandre Von Humboldt, onde se sente mais "em casa". "No Objetivo, as pessoas tinham muito dinheiro e iam para a escola porque eram obrigadas. Me olhavam com julgamento", diz.