Especial - Educação
Em escola líder de Belo Horizonte, bons alunos ajudam quem vai mal
Colégio estadual Pedro 2º tem programa de monitoria em que estudante é pago para auxiliar
Para pesquisador, capacitação de professores explica sucesso em avaliações nacionais de ensino
Na escola estadual Pedro 2º, líder de Belo Horizonte no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), os alunos bem avaliados são incentivados a ajudar os colegas da própria sala, e todos ganham pontos com isso.
A colaboração virou uma marca da escola, localizada na região central de Belo Horizonte. O colégio é um dos primeiros colocados de Minas na Prova Brasil, que avalia alunos em português e em matemática.
Os adolescentes fazem a sua parte. Alunos do ensino médio bem avaliados recebem uma bolsa mensal de R$ 100, financiada por duas empresas privadas, para atuarem como monitores das crianças do fundamental.
"Tenho muito prazer em estar aqui pelo esforço que os professores fazem para o aluno passar", diz Mariana Albergaria, 15, que está no fim do 9º ano do fundamental.
As atividades na escola são em tempo integral. Os alunos são avaliados a cada 15 dias, e aqueles em risco de repetir recebem aulas de reforço.
PROFESSORES
O engajamento dos professores ajuda a explicar o bom desempenho das escolas de Minas Gerais, afirma o professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) Luciano Faria Filho.
O piso salarial no Estado é de R$ 1.455 para 24 horas semanais. O piso nacional dos professores para 40 horas semanais é de R$ 1.697.
Minas ficou no topo do último Ideb, tanto na avaliação dos alunos do 5º ano, quanto dos do 9º ano.
O pesquisador Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ressalta a capacitação da rede de docentes para aplicar as políticas públicas, um processo iniciado há anos e que também é verificado em São Paulo e Paraná, outros Estados bem colocados nos exames nacionais.
Segundo a secretária de Educação de Minas, Ana Lúcia Gazzola, sustentam essas políticas as avaliações censitárias anuais de todas as escolas e alunos (mais profundas do que as por amostragem), os programas de intervenção pedagógica --chamados por ela de "um verdadeiro trabalho de guerrilha"-- e a capacitação dos professores no Magistra, escola criada com esse fim.
Recentemente, escolas municipais de todo o Estado aderiram a esses programas.