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Grupo reage e ataca PMs na cracolândia

Agressão a dois policiais ocorreu ontem durante abordagem na esquina da rua do Boticário com a avenida Ipiranga

Militares faziam ronda de carro no centro; eles ficaram feridos no rosto e nas pernas e tiveram parte da farda rasgada

ROGÉRIO PAGNAN
DE SÃO PAULO

Dois PMs foram atacados na madrugada de ontem por um grupo de cerca de cem pessoas na região da cracolândia, no centro de São Paulo.

É a primeira agressão a policiais militares confirmada oficialmente desde o início da operação na área, no dia 3. Cerca de 300 PMs estão na região desde então para tentar minar o tráfico de drogas.

Os policiais foram agredidos na rua do Boticário com a avenida Ipiranga, por volta das 3h40, quando decidiram revistar um grupo que, dizem os PMs, era usuário de crack.

Segundo a versão oficial, parte do grupo desobedeceu a ordem de parar e correu.

Apenas uma pessoa foi detida para revista. Foi neste momento, ainda segundo os policiais, que um grupo voltou com mais pessoas e passou a agredir os PMs com pedras e pedaços de vidro.

Os PMs foram feridos no rosto e pernas e tiveram parte da farda rasgada. Eles não foram hospitalizados.

Foi chamado reforço e três agressores acabaram detidos e levados para a delegacia. Após o registro de desacato, desobediência e lesão corporal, eles foram liberados. O trio se recusou a dar sua versão, diz a polícia. Não houve registro de porte de drogas. Em razão do ataque, segundo o comando da PM, os policiais foram orientados a não fazer revistas isolados. Devem fazê-las em grupo ou com apoio próximo.

CLIMA TENSO

Desde o início da operação, a Defensoria Pública enviou mais de 40 denúncias de abuso policial à Secretaria de Estado da Justiça. O uso de balas de borracha e bombas, ocorrido nos primeiros dias, foi proibido pela Secretaria da Segurança há uma semana.

A Folha já presenciou episódios em que moradores de rua hostilizaram policiais nos cruzamentos das ruas Helvétia e Barão de Piracicaba.

De acordo com policiais militares ouvidos pela reportagem, os usuários de crack têm demonstrado mais agressividade porque estão com dificuldade de comprar droga e não podem ficar no lugar onde estavam acostumados.

No domingo passado, três repórteres-fotográficos, um deles da Folha, foram agredidos e tiveram equipamentos roubados por um grupo.

ESTRATÉGIA

A operação na cracolândia quer forçar a abstinência e, com isso, obrigar dependentes a procurar tratamento.

Na primeira semana de operação, guardas municipais criticaram a Defensoria Pública por ter distribuído panfletos na cracolândia com orientações a usuários de drogas e moradores de rua sobre seus direitos. "Por que eles não vieram antes da operação?", reclamaram.

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