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João de Oliveira (1920-2012)

Um marceneiro que foi à guerra

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

A explosão de uma granada durante a Segunda Guerra deixou João de Oliveira em coma. Conta a família que ele só foi salvo quando o médico furou-lhe o crânio com uma broca para aliviar a pressão.

No tempo em que o brasileiro ficou ferido na Itália, teve a sorte de ter ao seu lado um amigo inseparável. Quando voltaram ao Brasil, porém, ficaram 40 anos sem se ver.

O reencontro, emocionado, aconteceu sem querer, em São Paulo, no Playcenter, conta o neto Maurício. Eles estavam lá porque a associação dos ex-combates conseguira desconto no ingresso.

Nascido em Araras (SP), João -filho de um auxiliar de maquinista e de uma lavadeira- cresceu em São Paulo.

Começou a trabalhar cedo, como engraxate. Depois, entregou marmita e foi funcionário de farmácia e de fábrica de doces, até aprender o ofício de marceneiro.

Ao se alistar no Exército, durante a guerra, acabou convocado. Passou um ano e dois meses na Europa.

Na volta, dedicou-se à marcenaria. Nos anos 80, trabalhou numa creche, como ajudante de serviços gerais, espécie de faz-tudo. Aposentou-se por lá, no fim dos anos 90.

Foi casado desde 1946 com Natalina, que o conheceu antes do conflito e o aguardou aflita. Tiveram uma filha, dois netos e três bisnetos.

Os netos o descrevem como fechado, metódico e inteligente. Mexer com madeira, na oficina em casa, foi sua distração na aposentadoria.

Ficou viúvo em 2002. Também perdera o amigo. Morreu na quinta, aos 91, de choque séptico. Parte de seu arquivo de guerra foi doado à associação dos ex-combatentes.

coluna.obituario@uol.com.br

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