Crise da água
Cantareira recupera 2ª parte do volume morto
Reservatório voltou ao nível de novembro
Empurrado pelas constantes chuvas de fevereiro, o sistema Cantareira conseguiu recuperar ontem (24/2) o equivalente a uma das reservas do fundo das represas que foram utilizadas para evitar um colapso no abastecimento na Grande São Paulo.
Desde julho de 2014, em meio à grave crise hídrica, o governo paulista utilizou duas dessas reservas, conhecidas como volume morto.
Esse volume, no Cantareira espalhado em três diferentes represas, é a porção que fica abaixo das tubulações que captam água. E, para ser utilizada, precisa ser bombeada.
A segunda cota do volume morto, de 105 bilhões de litros, começou a ser usada em novembro. Ontem, quando o sistema atingiu 10,7% de sua capacidade, o equivalente a ela foi recuperado.
A primeira cota do volume morto, de 182,5 bilhões, talvez somente possa ser recuperada em um ou dois anos. Isso ocorrerá quando o nível do manancial atingir 29,2%.
O Cantareira abastece 6,2 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista --eram cerca de 9 milhões antes da crise. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas.
A utilização do volume morto, segundo especialistas, pode ser comparada ao uso do cheque especial. Ambientalistas também apontam alguns riscos, como o de extinção de uma reserva técnica do manancial, por exemplo.
Na cidade paulista de Joanópolis, a 112 km de São Paulo, o aposentado Primo Pereira de Souza, 74, tem acompanhado de seu quintal a evolução do nível do Cantareira.
"Espero que até março encha ainda mais. Acho que assim, dá para aguentar até o final do ano", disse ele, que mora ao lado de um dos pontos onde a Sabesp, estatal de saneamento, faz a captação do segundo volume morto.
É apostando justamente nas chuvas até março, às vésperas de um novo ciclo seco, que o governo do Estado espera evitar a adoção de um rodízio na Grande São Paulo.