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Análise

Leitura obrigatória da Fuvest privilegia romantismo e realismo

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A lista de livros de leitura obrigatória para os vestibulares da USP e da Unicamp acaba servindo de baliza para as aulas de literatura em colégios e cursos preparatórios para os exames, o que explica parte da expectativa em torno da sua divulgação.

Com poucas mudanças em relação à anterior, a nova lista traz uma excelente notícia: a introdução de Carlos Drummond de Andrade, um dos maiores representantes da poesia brasileira moderna.

De resto, salta aos olhos a predominância de nomes do romantismo e do realismo e a ausência de um autor como Lima Barreto, que, difícil de classificar em uma escola literária, continua tão atual.

Garrett substitui Gil Vicente, eliminando da lista o único autor anterior ao romantismo. De fato, a leitura de obras de Gil Vicente, Camões e Vieira requer apoio do professor em sala de aula. A linguagem, por si só, é um desafio ao leitor. É importante, porém, que esses autores permaneçam como referência no estudo das nossas origens linguísticas e culturais.

A troca de "Iracema" por "Til" não significa grande mudança. Neste, o estudante vai encontrar os mesmos traços tipicamente românticos e a linguagem plena de adjetivos própria do autor.

Não se esperava que as "Memórias de um Sargento de Milícias" perdessem espaço na lista, dado que são o melhor representante da transição do romantismo para o realismo no Brasil. Machado não pode faltar -e as "Memórias Póstumas" devem mesmo ter seu lugar garantido na vida escolar e, de preferência, fora dela também.

Faz falta, porém, um livro de contos. Clarice Lispector, Guimarães Rosa e o próprio Machado têm verdadeiras obras-primas no gênero, capazes de estimular entre os jovens o amor pela literatura.

THAÍS NICOLETI DE CAMARGO é consultora de língua portuguesa do Grupo Folha-UOL

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