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Ilustrada em cima da hora

Pedro Lourenço e Herchcovitch fazem desfiles sem impacto

Estilistas apresentaram na SPFW peças desejáveis ao público, mas empobrecidas em conceito e imagem

Coleções pragmáticas de dois importantes nomes da moda nacional levam ao pé da letra o "prêt-à-porter"

VIVIAN WHITEMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os estilistas Alexandre Herchcovitch e Pedro Lourenço, duas das joias mais preciosas da coroa fashion brasileira, apresentaram ontem suas coleções inverno 2012 no segundo dia da São Paulo Fashion Week.

Dois desfiles impecáveis do ponto de vista da construção, recheados de peças lindas e desejáveis, mas totalmente "esquecíveis" como imagem de moda.

Pedro Lourenço repetiu sua bela coleção pre-Fall (no calendário estrangeiro, elas são uma prévia do inverno) mostrada no início do mês em Nova York.

Já Herchcovitch apresentou um inverno sofisticado, que misturava tecidos e silhuetas com cara esportiva e ricos looks de renda.

As peças levam tão ao pé da letra o "prêt-à-porter" (pronto para usar, em francês) que, ao entrar na passarela, não causam impacto.

O desfile é o reino do conceito e da imagem, que não precisam ser tresloucados nem absurdos, mas devem dar ao observador a ideia de uma abordagem minimamente inusitada sobre algum tema.

Talvez por isso, a coleção passada de Pedro, lindíssima, e apresentada num hotel em esquema de ateliê -as modelos entravam uma por uma e o próprio estilista explicava o processo e os materiais de cada peça- tenha funcionado melhor.

EXIGÊNCIAS COMERCIAIS

Herchcovitch, cuja marca pertence hoje ao grupo InBrands (dona da SPFW e do Fashion Rio), vem se adaptando às exigências comerciais que caem sobre um estilista ligado a um negócio desse porte.

Pedro tenta, com crescente sucesso, se firmar na competição selvagem que é o mercado internacional. O preço disso: coleções cada vez mais pragmáticas.

Seria ingenuidade e injustiça dizer que os estilistas estão sofrendo com a falta de criatividade.

O que ocorre é um movimento sistemático em que a roupa de passarela tem de estar cada vez mais conectada ao que de fato ela vai ser vendida ao público.

RONALDO FRAGA

Talvez por isso, estilistas como Ronaldo Fraga tenham anunciado férias das passarelas. Os desfiles sem nenhuma "piraçãozinha" que seja servem bem aos showrooms, mas perdem todo o seu sentido de espetáculo com a presença da plateia.

Não é uma questão de juízo de valor, mas de se discutir como o formato desfile pode ser repensado para que continue relevante do ponto de vista do público.

Um desfile em que nada do que se vê vai para as lojas é ruim porque ignora o desejo do consumidor.

Um desfile em que tudo o que se vê é pensado para conversar com os relatórios de vendas é ruim porque ignora a fantasia, fogo que dá cor ao coração da moda. Sem contar que fica chato à beça.

Fashion Tags - #pragmatismo #tendência #capitalismofashion #saudadesdobabado #semfantasia

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