Planalto se diz surpreso com intervenção

O governo federal se disse surpreendido com a ação de reintegração de posse da área invadida do Pinheirinho.

O Palácio do Planalto vinha acompanhando as conversas sobre a retirada das famílias da área e trabalhava para uma saída negociada, com a definição de uma nova região para abrigar as famílias.

Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e José Eduardo Cardozo (Justiça) souberam da ação ontem pela manhã.

O governo federal trabalhava com a informação de que isso só ocorreria em 15 dias.

A avaliação no Planalto é que o uso da policia poderia ter sido evitado caso o entendimento com as famílias não tivesse sido atropelado. Apesar disso, o governo evitou críticas diretas ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).

"Ficamos sabendo hoje [ontem]. A informação que eu eu tinha até ontem é que a Justiça Federal havia sustado [a decisão de reintegrar a posse]. Antes disso, havia um acordo para adiar por um prazo de 15 dias com o juiz da massa falida. Ai hoje ficamos sabendo dessa situação. Assim que eu soube falei com o governador e o presidente do tribunal", disse Cardozo.

Já Carvalho afirmou ter estranhado o fato de o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), ter desmarcado uma reunião sobre a invasão na quinta passada.

A presidente Dilma Rousseff foi avisada no início do dia dos problemas na desocupação. Ela pediu que Carvalho, Cardozo e Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos) acompanhassem os desdobramentos.

Coube ao líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), a crítica ao governo Alckmin. "Ele se omitiu dessa situação. É uma ação que poderia ter sido evitada porque é uma disputa em torno de habitação", afirmou.

Alckmin não deu declarações oficiais ontem. Os comandantes da operação de reintegração de posse disseram que a polícia agiu dentro das normas e ressaltaram que, no perímetro do terreno da invasão, não houve conflitos graves com moradores.