Indonésia avisa que executará segundo brasileiro neste ano
A notificação é a última medida para que a execução por fuzilamento de Rodrigo Gularte ocorra em breve
Paranaense foi preso em 2004 ao entrar no aeroporto de Jacarta com 6 kg de cocaína em pranchas de surfe
O brasileiro Rodrigo Gularte, 42, foi notificado oficialmente pelo governo da Indonésia na manhã deste sábado (25), por volta das 16h no horário local, de que será mesmo executado.
Em janeiro, um outro brasileiro, Marco Archer Cardoso Moreira, também foi fuzilado naquele país.
Pelas leis locais, a notificação é o último passo para que, em um prazo de 72 horas, o condenado possa ser morto por fuzilamento.
Paranaense, filho de uma família rica, o brasileiro foi preso em 2004 ao entrar no aeroporto de Jacarta (capital da Indonésia) com 6 kg de cocaína escondidos em pranchas de surfe.
A pena no país para o crime é a execução. A condenação ocorreu em 2005.
Segundo Ricky Gunawan, advogado do brasileiro, Gularte estava num conjunto de celas no presídio de Nusakambangan, em Cilacap (a 400 km de Jacarta), quando foi informado de sua morte. Por orientação do advogado, Gularte se recusou a assinar a notificação da Procuradoria Geral. Isso, segundo o governo da Indonésia, não invalida a execução.
Nas outras celas, estavam três nigerianos, dois australianos, uma filipina, um ganense e um indonésio. Todos também foram notificados que seriam executados.
Gularte teria sido o último a receber a notícia.
Gunawan informou que, ao ser avisado, o brasileiro ficou nervoso, pois ainda acreditava que seria libertado.
A defesa do brasileiro tenta provar na Justiça da Indonésia que ele sofre de esquizofrenia e, portanto, não poderia ser condenado.
"A sentença vai além do senso comum, da consciência. Executar alguém com distúrbios mentais não faz sentido para qualquer governo, especialmente para a Indonésia, que se diz uma democracia que respeita os direitos humanos", afirmou Ricky Gunawan.
RECURSO
O advogado tentará na próxima segunda-feira apelar pela última vez no caso de Gularte. Gunawan quer rever a sentença de morte e fazer com que uma prima do brasileiro, que está na Indonésia, fique com sua guarda --já que Gularte seria mentalmente incapaz.
O Itamaraty, que já avisou a família sobre a decisão da Indonésia, informou neste sábado que "segue fazendo gestões de alto nível para com vistas a evitar a execução".
A diplomacia brasileira disse reconhecer a gravidade do crime cometido por Gularte e argumentou respeitar a soberania da Indonésia. No entanto, acredita que a sentença deva ser revista por razões humanitárias.
Na manhã deste sábado, a mãe de Gularte, Clarisse Muxfeldt Gularte, que está no Brasil, declarou que a reversão da pena capital contra o seu filho era algo bastante "difícil de acontecer".
SAÚDE
Ela não viajará para a Indonésia para ver o filho. Os familiares acharam melhor ela ficar no Brasil porque temiam pela saúde dela. Ela ficou "chocada" ao saber da notícia.
Um tio de Gularte irá viajar para a Indonésia e se juntar à prima dele, Angelita, que está em Cilacap.