Presos são decapitados em rebelião no interior baiano
Sete detentos morreram e outros cinco ficaram feridos em Feira de Santana
Duas das vítimas do motim tiveram as cabeças cortadas; polícia diz que houve briga entre facções
" Foi uma tragédia anunciada. Por diversas vezes, denunciamos a insegurança da unidade, mas o governo não deu ouvidosReivon Pimentelcoordenador do sindicato dos agentes penitenciários da Bahia
Uma rebelião no presídio regional de Feira de Santana (a 109 km de Salvador) deixou ao menos sete presos mortos, sendo dois decapitados, neste domingo (24). A prisão está superlotada.
Outros cinco presos ficaram feridos e foram encaminhados para o hospital.
O motim foi iniciado por volta das 14h, quando os presos recebiam visitas.
Cerca de 80 parentes dos presos, incluindo mulheres e crianças, foram feitos reféns. A polícia afirma que a rebelião teve início após uma briga entre duas facções rivais --Comando da Paz e Caveira, que é ligada ao PPC, que atua em São Paulo.
"Foi uma fatalidade. Os presos iniciaram uma briga e começaram a se matar", afirmou à Folha o secretário estadual de Administração Penitenciária, Nestor Duarte.
A Polícia Militar foi chamada para conter a rebelião. Três armas de fogo, além de facas, foram entregues.
Segundo o coronel Paulo César, coordenador de planejamento da secretaria de Administração Penitenciária, os presos concordaram em encerrar a rebelião após negociação com a polícia.
Contudo, com medo de retaliações, exigiram a presença da imprensa, advogados e militantes dos direitos humanos para liberar os reféns.
Por volta das 21h, o governo disse que iria retomar as negociações somente na manhã desta segunda (25) e ordenou que os agentes penitenciários deixassem o local.
Antes, os presos haviam tentado ocupar outro pavilhão do presídio, mas foram impedidos por agentes.
SUPERLOTAÇÃO
O Presídio Regional de Feira de Santana tem capacidade para 616 vagas, mas abriga mais de mil presos, segundo o governo baiano.
No pavilhão onde houve a rebelião, a capacidade é de 144 pessoas, mas havia 344 nas 38 celas.
Segundo o secretário Nestor Duarte, uma reforma que vai ampliar as vagas para 1.300 já foi concluída, mas ainda não foi inaugurada.
Os agentes penitenciários, contudo, afirmam que o governo foi negligente.
"Foi uma tragédia anunciada. Por diversas vezes, denunciamos a insegurança da unidade, mas o governo não deu ouvidos", afirmou Reivon Pimentel, coordenador do sindicato dos agente s penitenciários da Bahia.
A gestão de Rui Costa (PT)descarta que o motim tenha sido motivado pela superlotação da unidade.