Poeira e escombros cobrem ruas e carros

Um estrondo semelhante a uma bomba, fumaça preta e muita correria. Logo após o desabamento de três prédios ontem à noite no Rio, o cenário nos arredores parecia o da queda das Torres Gêmeas, em Nova York, em 2001.

Assim como nos EUA, logo após os edifícios irem ao chão uma nuvem de poeira tomou conta das ruas. As testemunhas ficaram cobertas de pó.

O operador de refrigeração Nelson Gomes escapou por pouco da tragédia. Ele estava no 10º andar de um dos prédios com dez pessoas quando ouviu o estrondo.

"Desci as escadas correndo, desesperado. Quando saí do edifício, ele desabou. Escapei por um triz. Foi obra de Deus", disse Gomes.

O contínuo Orlando Henrique Silveira conversava com o porteiro do prédio de 20 andares e alertou sobre um "tremor diferente". "Ele disse para eu não me preocupar. Falou que o prédio estava sempre estalando", contou.

Pouco depois, um tremor mais forte e tudo veio abaixo. Silveira teve tempo apenas de correr. Ainda sujo de terra, dizia não saber se o colega teve a mesma sorte. "Ainda gritei para ele correr, mas acho que não deu."

TODOS POR UM TRIZ

No meio dos escombros, Everton Generoso Ferreira buscava notícias de seu pai, que estaria dentro do edifício Liberdade na hora do acidente. Os dois trabalhavam juntos em um escritório. "Eu fui embora, mas ele continuava lá."

Segundo ele, porteiros comentaram sobre um forte de cheiro de gás. "Disseram que o prédio seria vistoriado."

Ricardo Santos, 50, saía de uma lanchonete e viu o acidente. "Vimos pedras caindo, como se alguém estivesse quebrando uma parede. Quando as pessoas começaram a correr, voltei para a lanchonete e o prédio desabou."

Outro sobrevivente, Gilberto Figueiredo, diz que "nasceu de novo". Ele acabara de entrar no elevador de um dos prédios quando sentiu o tremor."Assim que eu cheguei no térreo, o reboco do teto começou a cair. Corri para fora. Em questão de segundos o prédio ruiu."