USP libera aula só em língua estrangeira na graduação
Medida vale para disciplinas optativas e pode ser adotada no 2º semestre
Antes, norma exigia que as matérias fossem oferecidas também em português, o que inviabilizava a prática
A USP decidiu facilitar a criação de matérias em língua estrangeira na graduação. A falta de inserção no exterior é um dos itens que mais tiram pontos da universidade em rankings internacionais.
Uma norma aprovada no fim do mês passado determina que as chamadas disciplinas optativas livres possam ser ensinadas apenas em língua estrangeira.
Até então, se alguma faculdade quisesse dar a matéria em inglês, por exemplo, também precisaria oferecê-la em português, o que inviabilizava a prática, segundo a pró-reitoria de graduação da USP.
As optativas livres são matérias que os alunos fazem fora de seu curso. Em diversas carreiras, os estudantes precisam ter uma carga mínima dessas disciplinas. Em administração, por exemplo, são 10% das aulas.
A alteração permite que estudantes estrangeiros tenham mais interesse em vir para a USP e que os alunos da própria universidade possam ter contato com outro idioma dentro da instituição.
Por outro lado, uma corrente da universidade entende que oferecer matérias em outra língua tira opções dos estudantes nativos que não sabem ou não têm interesse em outro idioma.
Segundo a pró-reitoria, não há hoje disciplinas em inglês na graduação da USP.
As matérias obrigatórias seguem sendo ensinadas em português para permitir que o aluno possa escolher se quer ou não cursar a matéria em outra língua.
A oferta pode começar já no segundo semestre, dependendo da iniciativa de cada faculdade. "É a USP caminhando realmente para a internacionalização no ensino de graduação", afirmou o pró-reitor de graduação, Antonio Carlos Hernandes.
A medida da USP foi aprovada menos de dois meses após a Fundação Getúlio Vargas anunciar a criação do primeiro curso de graduação do país totalmente em inglês. A turma, de administração, começa a ter aulas em agosto.
RANKING
O intercâmbio de estudantes e professores é visto como positivo nos principais rankings internacionais.
No britânico Times Higher Education 2014, o quesito que mede a presença de estrangeiros é aquele em que a USP menos pontuou.
A universidade tem 2,6% dos seus graduandos provenientes do exterior. Nas universidades da Califórnia e Harvard, ambas americanas entre as melhores do mundo, o índice é de 11%.
Neste ano, a USP aprovou plano que prevê ações para melhorar sua internacionalização. Entre as medidas está apoio financeiro a programas de pós em outros idiomas.