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'A cracolândia já acabou', diz secretária da Justiça

Integrante do governo Alckmin diz que área não é controlada por dependentes

Prefeito afirma que o fato de usuários de drogas se dispersarem facilita as abordagens dos agentes de saúde

DE SÃO PAULO

"A cracolândia já acabou. A cracolândia não existe mais". Foi assim que a secretária de Justiça de São Paulo, Eloisa de Sousa Arruda, definiu ontem a situação na área da capital que por 20 anos abriga usuários de crack.

As afirmações foram feitas durante evento da seção paulista da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) para discutir a operação desencadeada desde o dia 3.

"O que nós podemos ter são pessoas alvo de traficantes, e eles vão continuar na nossa mira. Não vamos dar sossego para eles. Quero deixar bem claro: a cracolândia em São Paulo acabou!"

Para o desembargador Antonio Carlos Malheiros, é cedo para essa comemoração.

Para ele, o que pode ter acabado é a concentração de pessoas nas ruas Helvétia e Dino Bueno, mas é algo que pode ser temporário.

"Está longe de a cracolândia ter terminado. Ela está espalhada agora por todo o centro de São Paulo. É uma das muitas cracolândias que nós temos em São Paulo, em diversos pontos da periferia."

Para o promotor Alfonso Presti, a cracolândia representa apenas 5% das apreensões de crack na capital.

Ele diz que o governo também precisa se preocupar "com outras cracolândias que estão longe dos holofotes", na periferia.

OUTRO FIM

O fim da cracolândia na regição central da cidade também chegou a ser comemorado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD), mas só que no passado, em 2008.

Ontem, o prefeito disse que a dispersão dos dependentes químicos da cracolândia facilita a abordagem deles pelos agentes da assistência social e os torna mais propensos a aceitar tratamento.

"Eles [dependentes] passam a confiar mais no assistente social. Essa é a razão de ter aumentado o número de internações de 96 para 130."

Especialistas consultados, no entanto, discordam. O psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Unifesp, defende que "a cracolândia tinha de acabar", mas fala que "dizer que facilitou a abordagem fica difícil". "Pode até ser que a violência se espalhe, porque agora eles convivem com novos tipos de tráfico."

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