FAB diz não haver risco à segurança dos aviões
Pousos simultâneos seguem padrões internacionais, segundo Aeronáutica
Controladores de voo já participaram de simulações antes de aplicação de nova regra, diz tenente-coronel
A Aeronáutica diz que a redução da distância entre os aviões e os pousos simultâneos são procedimentos seguros e feitos de acordo com padrões internacionais do setor.
Em Guarulhos, os controladores foram treinados e participaram de simulações antes de aplicar a separação menor, diz o tenente-coronel Eduardo Miguel Soares, do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Um controlador que não quer ter a identidade divulgada disse à Folha que a medida resultará em aumento de carga de trabalho, pois será necessário orientar aviões mais próximos entre si.
Para a Aeronáutica, porém, isso não será um problema. "É perfeitamente gerenciável esse aumento de carga de trabalho", diz Soares.
Ele afirma que houve análise de risco e treinamento. "Não estamos inventando nada: está previsto na legislação. Antes não usávamos por falta de demanda; agora ela está aumentando."
Reduzir a separação entre aeronaves é comum em outros países, desde que seja acompanhada de ações para diminuir riscos. Por exemplo: se uma aeronave ficar muito próxima à outra perto de pousar, a que está atrás tem que abortar a aterrissagem e refazer a aproximação.
Mais: aviões de portes diferentes ficam separados um do outro a uma distância maior do que o limite máximo, para evitar a "esteira de turbulência" --que pode desestabilizar a aeronave que vem atrás e causar acidentes.
A Iata (entidade que representa empresas aéreas no mundo) diz que a redução de separação de aviões em Guarulhos poderá diminuir o número de esperas que as aeronaves fazem ao aguardar aval para pousar --e que resultam em gasto de combustível e atrasam voos.
Adriano Castanho, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, afirma não acreditar em risco à segurança de voo porque os controladores são bem treinados e tratam-se de práticas consagradas no mundo todo.
Bemildo Ferreira, diretor da Federação Brasileira de Associações de Controladores de Tráfego Aéreo, diz que elevar a capacidade em aeroportos pode causar impacto no sistema aeroportuário como um todo. "Se aumentar a capacidade de um, aumentará o volume de outros aeroportos de destino também."
Para garantir a segurança dos voos simultâneos em Brasília, a regra será a seguinte: as aeronaves poderão ficar no máximo a 800 metros uma da outra. Se essa zona de segurança for rompida, uma das aeronaves arremeterá.
Segundo a Aeronáutica e a concessionária Inframérica, a intenção é adotar a medida nos horários de pico, como o período da manhã e o final da tarde.