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Poder público precisa tirar proveito de revitalização

Especialistas criticam falta de ação conjunta

DE SÃO PAULO

A iniciativa das construtoras de revitalizar o entorno de empreendimentos é bem-vinda, mas poderia ser mais bem aproveitada pelo poder público. Essa é a opinião de especialistas em urbanismo consultados pela Folha.

"As construtoras tiram da cidade seu próprio lucro", diz Renato Cymbalista, professor da faculdade de arquitetura e urbanismo da USP. Por isso, muitos urbanistas defendem a ideia de que quem constrói deve contribuir para que a cidade melhore.

"Se, antes de vender, as empresas se dispõem a qualificar o entorno, isso é prova de que têm capital e disponibilidade para investir ", diz.

Uma ação das construtoras Helbor e Setin exemplifica esse potencial. Para um empreendimento na Barra Funda, as empresas investiram na remoção da escola de samba Águias de Ouro dos baixos do viaduto Pompeia, que ficava bem em frente ao lançamento "Casa das Caldeiras".

A construção da nova quadra custou R$ 200 mil. O valor de venda dos apartamentos supera R$ 300 milhões.

Cymbalista defende que o poder público deveria criar mecanismos para levar esses investimentos às áreas que não são alvo do mercado imobiliário, de forma a distribuir as melhorias por São Paulo.

"Estamos num momento em que a cidade não precisa mais atrair interessados", diz Cymbalista. "As construtoras estão se estapeando para lançar produtos. Isso deveria ser melhor aproveitado para melhorar o espaço público."

Para a professora da FAU-Mackenzie, Eunice Abascal, não existe em São Paulo uma cultura da qualidade ambiental e urbanística, daí a necessidade das construtoras investirem no entorno.

Por isso, ela defende que haja parceria entre prefeitura e iniciativa privada para a requalificação dos espaços públicos. "A prefeitura poderia aproveitar melhor a força do setor imobiliário. A gente deixou, por muito tempo, o urbanismo relegado a obras viárias apenas", diz Abascal.

Hoje, as construtoras precisam fazer melhorias no entorno da obra ou mesmo em outras partes da cidade apenas quando existe a necessidade de compensar impactos ambientais ou de trânsito.

Para o arquiteto Lúcio Gomes Machado, também da FAU-USP, as melhorias promovidas pelas construtoras apenas "dão uma ajudinha". Para ele, melhor seria se "as construtoras pagassem um bom arquiteto e fizessem um bom projeto arquitetônico".

(VANESSA CORREA)

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