12 dos 18 mortos não tinham antecedente criminal, diz polícia
Com tantas mortes, IML de Osasco ficou superlotado e teve de convocar médicos de municípios vizinhos
Governador Alckmin cancelou compromissos públicos e foi à cidade para acompanhar as investigações da polícia
Dos 18 mortos na série de ataques na noite de quinta-feira (13) na Grande SP, apenas seis deles tinham algum registro de antecedente criminal, segundo a polícia.
A Secretaria da Segurança Pública disse que esses registros eram de passagens por receptação, tráfico, roubo, furto ou tentativa de homicídio.
Entre os seis feridos, só dois tinham ficha na polícia.
Em Osasco, os assassinatos provocaram a superlotação do IML (Instituto Médico Legal). Médicos de outras unidades foram convocados, e corpos foram enfileirados num local reservado para ambulâncias.
Segundo um funcionário, a movimentação só era comparável à explosão no Osasco Plaza Shopping, em 1996, na qual 42 pessoas morreram.
Com tanta gente de uma só vez, a liberação dos corpos demorou. O corpo de Igor Silva Oliveira, 18, por exemplo, chegou às 10h para necropsia. Mas, às 19h, ainda não havia sido liberado. "Não é péssimo esse atendimento, não. É horrível", disse Rosana Francisco, 38, tia do rapaz.
Em alguns dos velórios, que começaram no final da tarde, havia clima de medo de amigos e familiares das vítimas, agravado por mensagens de voz que circularam pelos celulares, sempre em tom de ameaça –considerada falsa pela polícia de SP.
Nesta sexta, a quantidade de vítimas informada pelo governo caiu de 20 para 19 e, em seguida, para 18. O último a sair da lista foi Sandro Afonso, 34, ajudante geral que levou quatro tiros, três no peito e um na cabeça, na mesma noite, em Itapevi, cidade próxima a Osasco e Barueri.
O governo afirmou que esse caso não teve relação com os demais. "Foi parecido com os outros crimes. Por que não considerar?", disse um amigo do pai da vítima, que não quis se identificar.
O pai, Hélio Afonso, 68, soube da morte do filho no início da manhã desta sexta-feira (14). Ele era usuário de drogas e havia sido preso por tráfico –estava solto havia um ano. O corpo estava em um ponto conhecido de tráfico.
Segundo dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz, apesar da queda do total de homicídios em São Paulo, a quantidade de chacinas (quando há mais de três mortos) na capital dobrou no primeiro semestre deste ano e a de vítimas triplicou em relação a igual período de 2014.
REAÇÃO
O secretário da Segurança, Alexandre Moraes, foi avisado ainda na noite de quinta da série de assassinatos. Em seguida, avisou Geraldo Alckmin (PSDB), que passou a monitorar diretamente o andamento das investigações.
O governador, em reunião com Moraes pela manhã, disse que era preciso dar satisfação e apontar os responsáveis com rapidez.
Na reunião também ficou acertado um reforço policial na região dos assassinatos, para evitar mobilizações populares, queimas de ônibus e reações do crime organizado.
O governador cancelou compromissos e foi pessoalmente a Osasco. "A PM vai garantir a segurança de todos", afirmou, na cidade.
À tarde, Moraes dizia já ter imagens de câmeras do rosto de dois dos atiradores –ainda não identificados.