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Casa modernista no Butantã é tombada

Após dez anos, conselho municipal autoriza proteção do imóvel, cujo proprietário é o historiador Boris Fausto

Ele faz críticas à falta de incentivos para donos de imóveis protegidos pelos organismos do patrimônio histórico

DE SÃO PAULO

A casa do historiador Boris Fausto, primeiro experimento da vertente da arquitetura modernista conhecida como Arquitetura Nova, foi tombada pelo patrimônio histórico municipal de São Paulo, após dez anos de estudos.

Sérgio Ferro, um dos fundadores desse movimento, projetou o imóvel no Butantã, na zona oeste da cidade, para o então professor do Departamento de Ciência Política da USP, hoje aposentado, que não gostou nada da notícia do tombamento.

Na casa dele, Sérgio Ferro experimentou a convergência entre arquitetura modernista e industrialização do processo de construção, com a ideia de produzir uma arquitetura para o povo.

Ele e o colega do grupo da Arquitetura Nova, Rodrigo Lefèvre, seguiam na arquitetura a ideologia comunista, mas, em plena ditadura, aplicavam suas teorias construindo casas "burguesas" para os amigos, como Fausto.

Fausto conta que se mudou para a casa em 1965 e sempre cuidou de sua conservação. Embora não pretenda modificar, demolir ou vender a casa, diz que a "ideia de ficar bloqueado é muito desagradável".

DOR DE CABEÇA

Fausto é um dos muitos donos de bens tombados que criticam a falta de incentivos financeiros para conservar e restaurar o imóvel.

Além da falta de incentivos, quem tem um imóvel tombado precisa de aprovação dos órgãos de patrimônio para fazer qualquer obra, até mesmo uma pintura, e esse aval pode demorar meses.

O problema ocorreu com o arquiteto Carlos Eduardo Warchavchick. Neto do arquiteto modernista Gregori Warchavchik, ele diz que a aprovação da reforma e restauro de um prédio tombado de seu avô demorou 18 meses para sair no Conpresp, órgão municipal do patrimônio.

Carlos reclama que o órgão pediu uma pesquisa histórica do imóvel que justificasse o projeto apresentado. "Eu tenho que fazer a pesquisa para eles? Acho isso errado."

Para a arquiteta Nádia Somekh, professora da FAU-Mackenzie e conselheira do Conpresp, não existe uma política de preservação, apenas "ações fragmentadas". "A política deveria ser achar recursos para investir, e não tombar e deixar o imóvel cair. Não se dá instrumento para o dono preservar."

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