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Encapuzados, PMs em greve atacam ônibus e espalham medo na Bahia

Policiais militares, muitos deles com armas em punho, cercam a sede do governo estadual

Força Nacional e Exército enviam 1.250 homens para o Estado a fim de tentar garantir segurança da população

GRACILIANO ROCHA
DE SALVADOR

Encapuzados e armados, PMs em greve na Bahia atacaram ontem ônibus municipais, isolaram o acesso à sede do governo estadual e espalharam medo pelas ruas de Salvador a ponto de comerciantes fecharem as suas portas com medo de assaltos.

O governador Jaques Wagner (PT) pediu reforço da Força Nacional de Segurança e do Exército. Ao todo, 1.250 homens serão enviados.

A greve foi decretada anteontem por uma associação de policiais militares que o governo não reconhece, mas ganhou a adesão de soldados, sargentos e suboficiais.

Ontem, a paralisação foi considerada ilegal pela Justiça. O juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, Ruy Almeida Brito, concedeu liminar ao Estado determinando que os policiais voltem imediatamente ao trabalho.

A multa diária para Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia é de R$ 80 mil.

Apesar da decisão judicial, o movimento ganhou corpo e reduziu sensivelmente o policiamento nas ruas de Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista, as principais cidades do interior.

O centro nervoso do comando de greve é a Assembleia Legislativa, onde pelo menos 300 policiais encontram-se reunidos. Por volta das 18h de ontem, a Folha presenciou o fechamento do acesso ao Centro Administrativo da Bahia, conjunto de edifícios que abriga as cúpulas do Executivo, o Legislativo e o Judiciário estaduais.

AMEAÇA

Grevistas encapuzados e exibindo pistolas na cintura e nas mãos abordaram ônibus e obrigaram motoristas e passageiros a descer. Depois, os policiais atravessaram os veículos nas avenidas de acesso ao Centro Administrativo e furaram os pneus a facadas.

Alguns PMs que a Folha flagrou bloqueando vias aparentavam nervosismo com a possibilidade da chegada da tropa de choque -o que não havia ocorrido até as 22h de ontem. Pelo menos dois deles empunhavam pistolas ao abordar motoristas no local.

O motorista Josenildo Martins, 42, contou que os encapuzados atiraram nos pneus do ônibus que dirigia. Ele exibia um cartucho de munição de pistola. "Para mim, isso não é atitude de autoridade. Causaram prejuízo", disse.

O governo estadual diz que 80% dos policiais militares continuam trabalhando normalmente. O presidente da associação grevista, Marco Prisco, diz que a adesão é geral.

Prisco foi expulso da PM após ter liderado uma grande greve em 2001. "O governador Jaques Wagner está se mostrando intransigente às demandas da tropa", afirmou o líder do movimento.

Colaborou JOHANNA NUBLAT, de Brasília

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