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À noite, traficantes e usuários de drogas persistem na cracolândia

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um mês atrás era comum ouvir quatro frases gritadas na cracolândia: "Quem tem cinco pra rachar? Quem me vende um real? Eu tenho bloco! Ó a loira na reta!"

No fim de semana passado, contrariando a expectativa da Polícia Militar e do governo paulista, essas frases ainda eram ditas por traficantes e usuários que insistem em ficar na cracolândia do centro de São Paulo.

Antes de mais nada, é necessário traduzir cada frase dita pelo grupo. As gírias significam respectivamente: "Quem tem R$ 5 para dividir a compra de uma pedra de crack comigo, que custa R$ 10? Quem deixa eu dar um trago em seu cachimbo por R$ 1? Eu tenho pedra de crack para vender! Olha o carro da polícia se aproximando!".

Na noite de sábado e na madrugada de ontem, a Folha acompanhou a movimentação de policiais, dependentes químicos e traficantes nas principais ruas da cracolândia. Por cerca de seis horas, presenciou diversas vezes a venda de crack e o consumo por pessoas de várias idades, inclusive idosos e jovens.

Diferentemente do que ocorreu no início da operação policial, não houve violência por parte dos PMs.

Dessa vez, não usaram bombas de efeitos moral e balas de borracha, conforme constatado pela Folha no dia 7 de janeiro. O uso desses artefatos foi proibido pelo governo paulista. A polícia dispersou usuários ligando sirenes e os afastando com carros subindo em calçadas.

O jogo era de empurra-empurra. Enquanto a polícia seguia por uma rua, a turba ia para outra. "Temos de fumar andando", disse um viciado.

Colaboraram APU GOMES e FELIX LIMA

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