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Reforma malfeita é a principal hipótese para acidente em prédio

Perito fez vistoria preliminar e constatou problema na cobertura do edifício de São Bernardo

Uma criança de três anos e uma enfermeira foram encontradas mortas nos escombros; sete ficaram feridos

GIBA BERGAMIM JR.
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Uma reforma malfeita na cobertura do edifício Senador, onde fica a casa de máquinas, é a principal hipótese investigada pela polícia como a causa do desabamento de anteontem em São Bernardo do Campo, no ABC.

As lajes do prédio de 14 andares, que fica no centro da cidade, vieram abaixo em efeito dominó, matando a menina Julia Moraes, 3, e a enfermeira Patrícia Alves Farias de Lima, 26. Outras sete pessoas ficaram feridas, segundo o Corpo de Bombeiros.

O corpo da enfermeira foi localizado por volta das 19h30 de ontem, após 24 horas de buscas ininterruptas.

Segundo o delegado Victor Lutti, um perito do IC (Instituto de Criminalística) constatou preliminarmente que houve um reparo no teto para tentar conter uma infiltração. "Foi feito um reparo e esse reparo não me pareceu conveniente", disse.

"Pode ter havido uma infiltração e ocasionado o acidente. Mas temos que aguardar os laudos da perícia." A polícia praticamente descarta a tese de uma explosão.

Na cobertura há uma espécie de edícula, onde são armazenados materiais de diversos tipos. Para engenheiros ouvidos pela Folha, o sobrepeso no pavimento pode ser a chave do problema.

"Provavelmente houve um uso errado do terraço do prédio", diz Luiz Alberto de Araújo Costa, presidente da APeMEC (Associação de Pequenas e Médias Empresas de Construção Civil).

"Tanto pela construção de uma caixa-d'água extra quanto pelo acúmulo de entulho ou de muito material de construção", afirma Costa.

Vários especialistas citam a tese da sobrecarga como a mais importante, mas levantam outras possibilidades.

"A fundação pode ter cedido, por exemplo, por causa do rompimento de alguma tubulação de água", afirma Eduardo Barros Millen, presidente da Abece (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural).

O edifício Senador é de 1978 e tinha fins comerciais. A laje que caiu sobre as outras abrangia um conjunto comercial inteiro.

Segundo o prefeito Luiz Marinho (PT), o edifício está com todos os alvarás em dia.

A médica cardiovascular Érica Patrício, 34, disse que não teve explosão. "De repente, veio tudo abaixo."

Numa sala do sexto andar, ela atendia a mãe de Júlia, a professora Francisca Kelly Moraes, 31, quando as lajes caíram. Elas ficaram isoladas num canto. Na outra sala estava a enfermeira, o pai da menina, José Fabrício de Moraes, 37, e Júlia. Todos caíram em queda livre.

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