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Ajuda é bem-vinda, mas vício exige estrutura ampla, diz especialista

Anthony Wong comenta caso de estudante da USP que deu abrigo a dependentes de crack

RAPHAEL SASSAKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um dos maiores especialistas brasileiros em toxicologia, Anthony Wong é assessor da OMS (Organização Mundial de Saúde) e diretor-médico do Ceatox (Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas).

Ele comentou reportagem publicada ontem pela Folha, que mostrou os esforços da estudante da USP Ossana Chinzarian, 25, que tentou ajudar três moradores de rua, dois deles viciados em crack.

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Folha - Como o sr. avalia a atitude da estudante?

Anthony Wong - Quem salva uma vida salva a humanidade. Ela fez isso. A intenção dela mostra que a guerra contra as drogas exige a participação de todos.

Nós temos que nos unir num esforço coordenado e concentrado para tirar este flagelo da sociedade. Mas também mostra que o tratamento do crack precisa de uma estrutura mais ampla -se ela tivesse buscado ajuda médica, poderia também ter salvado os outros dois que voltaram para a rua.

O que poderia ter sido feito?

O tratamento para o crack exige, em geral, internação. O crack tira do usuário a capacidade de reação para sair do vício, ele não consegue mais atuar, viver e pensar de uma forma racional, não consegue mais fazer as escolhas do que é benéfico para seu corpo.

Você acha que as pessoas poderiam copiar a atitude da estudante?

Acho que sim. Essa história deixa a lição de que o morador de rua, se tiver oportunidade, volta a se integrar socialmente, desde que se ofereçam também oportunidades para recuperar o vício.

Ela correu riscos?

Sim. Quando o dependente está em abstinência, a coisa mais importante é conseguir a droga, mesmo a custo do bem alheio.

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