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Mais sem-teto vão para calçada da São João

Nova desocupação leva centenas de famílias a se juntarem a acampamento improvisado no centro da cidade

Retirada de moradores em hotel desativado da rua Conselheiro Nébias é a segunda feita este mês sob ordem judicial

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Centenas de sem-teto retirados ontem de um hotel desativado na rua Conselheiro Nébias, no centro da capital, vão engrossar o acampamento montado desde o início do mês na avenida São João. Perto do famoso cruzamento com a avenida Ipiranga.

Segundo Osmar Borges, coordenador do movimento FLM (Frente de Luta por Moradia), mais de 300 famílias vão passar a viver sob as tendas montadas ao lado da marquise de um prédio parcialmente desocupado.

"Não cabe todo mundo mesmo. Vamos dar preferência às crianças e mães", afirmou Borges à Folha.

A desocupação de ontem, feita por ordem legal, é a segunda realizada este mês em prédios no centro da cidade.

As famílias que viviam no outro prédio, desocupado no início do mês, foram as primeiras a montar acampamento na calçada.

Na operação de ontem uma briga entre um GCM (Guarda Civil Metropolitana) e um dos líderes do sem-teto, Manoel Pedro Silva, quase acaba em confronto generalizado.

A reportagem presenciou a discussão entre o funcionário público e Silva no fim da tarde, por volta das 17h.

Irritado por ter sido cercado pelo GCM, que tentava fotografá-lo, Silva jogou um copo de vidro no guarda, que atingiu o rosto dele de raspão.

Depois disso, os dois trocaram socos e chutes no meio da rua. Parte dos 50 policiais militares que acompanhava a reintegração de posse apaziguaram os ânimos. E nem chegaram a levar Silva para a delegacia na hora, como queriam os guardas.

A GCM estava no local para garantir que o prédio não fosse reocupado. A prefeitura informou que as câmeras são usadas apenas para registrar a desocupação.

O guarda que participou da briga decidiu ir à delegacia, depois de passar pelo hospital, para registrar a ocorrência, segundo informações da prefeitura. Silva também esteve presente no DP.

Ele chegou a receber voz de prisão por lesão corporal, mas, acabou sendo liberado, segundo membros do FLM.

De acordo com Borges, do FLM, as famílias sem-teto vão continuar acampadas na São João até a prefeitura aceitar a reivindicação do grupo.

"Queremos um abrigo coletivo, onde as pessoas possam ficar por alguns meses, até uma solução definitiva."

Ontem, técnicos da prefeitura estiveram na porta do edifício desocupado. Eles colocaram à disposição das pessoas um abrigo municipal. Também listaram 105 famílias que serão cadastradas nos programas habitacionais.

A ordem de atendimento a elas respeita as normas acordadas no Conselho Municipal de Habitação, que tem membros do FLM.

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