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Governo do Rio indicia e prende grevistas

Estado tenta agir rápido para sufocar paralisação de policiais militares, civis e bombeiros anunciada anteontem

Na Bahia, comando da PM promete cortar ponto de quem não voltar ao trabalho, mas greve continua

DO RIO
DE SALVADOR

O governo do Rio resolveu jogar duro para tentar sufocar a greve dos policiais militares, civis e bombeiros iniciada na noite de anteontem.

Dezessete PMs foram presos ontem, outros 129 foram indiciados sob suspeita de se recusarem a cumprir as funções, crime previsto no Código Militar. Mais 123 bombeiros foram indiciados e devem ser presos, diz o comando.

Oito PMs líderes do movimento e um cabo bombeiro estão detidos no presídio de segurança máxima Bangu 1. Uma ala foi separada para manter o grupo isolado.

Ao contrário dos colegas da Bahia, que ontem à noite decidiram manter a greve, os policiais e bombeiros do Rio não fazem ameaças quanto à realização do Carnaval. Em entrevista pela manhã, afirmaram não ter intenção de "atrapalhar" a festa. À noite, carros da PM acompanhavam o desfile do bloco Cordão do Bola Preta, um dos maiores da cidade.

A ação do governo esfriou o movimento. Durante o dia, carros da PM circulavam pelas ruas. Nos postos de salva-vidas na orla, oficiais ocupavam o lugar de grevistas. "Foi uma tentativa de greve que não teve êxito pois eles têm consciência do que fizemos e da responsabilidade que têm com os 16 milhões de habitantes do Estado", disse o governador Sérgio Cabral (PMDB).

Além das prisões, Cabral reduziu os prazos para apuração, julgamento, recurso e aplicação de penalidades administrativas contra policiais militares e bombeiros feitos pelo Conselho de Disciplina das duas corporações.

O processo de expulsão que poderia durar 20 dias, agora está reduzido a cinco.

A adesão foi mais forte no interior. Em Volta Redonda, 129 PMs responderão por crime militar. O Batalhão de Choque foi enviado à cidade.

Em Campos, PMs fizeram manifestação em frente ao quartel. O Bope viajou à cidade para substituir os grevistas.

Na Bahia, o governo Jaques Wagner (PT) também tentou apertar o cerco a PMs que permanecem em greve. Deu ultimato e anunciou que quem se recusar a voltar ao trabalho será punido com corte de ponto e sofrerá processos.

Um dos líderes da greve, Ivan Leite, disse que "a tropa não vai ceder às ameaças". "O governo vai ter que cortar o ponto de muita gente."

A decisão foi anunciada pelo comandante-geral da PM no Estado, Alfredo Castro. Ele disse que considera a greve "encerrada" e que, por isso, as ausências passarão a ser consideradas faltas.

Para Castro, 85% da categoria já retornou ao trabalho.

Nas ruas, porém, o cenário é outro. A Folha circulou por pontos de Salvador e viu poucos PMs e carros circulando.

O policiamento se concentrava na orla, centro e pontos turísticos, como o Pelourinho e o farol da Barra. O Exército também fazia patrulhas nesses mesmos locais.

Na periferia, o policiamento continuava precário. O clima ainda era de insegurança. As escolas particulares permaneciam fechadas. Bares estavam quase vazios.

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