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Cordão vai 'marchar' pela Vila Madalena

Grupo Kolombolo quer resistir só com o autêntico samba paulista

Tema deste ano faz homenagem ao sambista Toninho Batuqueiro e sua música de tom rural

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

Uma marcha sambada em vez do tradicional samba-enredo. Na bateria não tem repinique, o batuque é marcado pelas caixas. Em vez de porta-bandeira, a porta-estandarte. E a corte, formada por rainha, rei, duquesa, duque, a condessa e o conde.

As diferenças entre o cordão carnavalesco Kolombolo (galo em uma das línguas africanas, a banto) e os blocos ou escolas de samba convencionais continuam na escolha dos compositores e dos temas de seus carnavais.

Os autores do samba deste ano, que homenageia o sambista Toninho Batuqueiro, morto em novembro quando se preparava bastante para "fazer bonito" no desfile de hoje à tarde, foram sorteados. Nada de vender o samba para as firmas de música e letra.

Só entra no concurso quem já faz parte da ala dos compositores do cordão.

"Nós procuramos fazer um movimento de resistência sem saudosismo ou críticas aos outros", resume Renato Dias, um dos fundadores do cordão que desfila sempre um domingo antes do Carnaval pelas ruas da Vila Madalena. "Mas nossas atividades duram o ano todo", afirma.

O Kolombolo faz dez anos em maio. E só no ano passado conseguiu sobreviver da sua música. "Vendemos shows durante o ano", explica Dias, que também é um dos compositores do Kolombolo.

O espírito do cordão é brincar o Carnaval pelas ruas como antigamente. São esperadas 2.000 pessoas que podem chegar com a fantasia que quiserem para o desfile. A concentração é às 17h, na pequena rua Belmiro Braga.

Mas quem é Toninho Batuqueiro? Era um engraxate das praças centrais da capital, nascido na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. Que, na capital, virou um grande sambista, do nível de nomes como Geraldo Filme.

"O samba paulista tem muita influência rural. Ele é mais marchado, duro, por causa, por exemplo, do samba do bumbo", comenta Dias que, aos 40 anos, teve o privilégio de conviver com muitos sambistas do passado, como o próprio Toninho.

Considerado pela diretoria do cordão a personificação do samba caipira.

A ligação entre a lata de graxa e o samba é enorme, explica Dias. As rodas de samba do meio do século passado nasciam neste ambiente, onde, depois do trabalho, o samba começava, quase sempre acompanhado de perto pela polícia, que insistia em estragar a festa.

O galo vai entrar em cena como começa o samba. O estandarte até já recebeu a benção do Nhô João, preto velho que é mentor do grupo.

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