Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Grupo antirracismo faz protesto surpresa no Pátio Higienópolis Cerca de 300 pessoas entraram ontem à tarde no shopping; lojas fecharam e houve tumulto Seguranças tentaram impedir acesso; ações no Pinheirinho, na cracolândia e casos de racismo motivaram ato RICARDO SCHWARZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA VANESSA CORREA DE SÃO PAULO "A população preta só entra aqui para limpar o chão", disse ontem uma das lideranças de uma marcha antirracismo, seguido por cerca de 300 manifestantes dentro do shopping Higienópolis, no centro de São Paulo. Com bandeiras e faixas, o movimento saiu do largo Santa Cecília, escoltado pela polícia militar e pela CET. Subiram a avenida Higienópolis e, sem que a polícia ou seguranças esperassem, entraram de uma só vez pelos corredores do shopping. Assustados, frequentadores correram para as lojas, e muitas delas fecharam as portas entre as 16h e 17h. O movimento, liderado pelo Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, invocou causas diversas no protesto. Criticaram a reintegração de posse na favela do Pinheirinho, a ação na cracolândia e casos como o de uma funcionária da escola Anhembi Morumbi, no Brooklin (zona sul), que alega ter sido pressionada a alisar os cabelos. Wilson Honório da Silva, coordenador do Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe, diz que o shopping foi escolhido para a manifestação por ser, segundo ele, um símbolo das consequências do racismo. "Estamos apenas fazendo um alerta porque este espaço representa tudo que oprime os negros". OPINIÕES DIVIDIDAS A manifestação surpresa dividiu opiniões entre frequentadores do shopping. A arquiteta Ivani Lo Turco, 58, desaprovou completamente. "Achei ridículo. Afinal de contas, esse negócio de racismo onde é que está?" Questionada a respeito a declaração dos manifestantes sobre a pequena quantidade de negros dentro do estabelecimento, Ivani discordou enfaticamente: "Você viu a quantidade de seguranças negros, de empregados?". O frequentador Leandro Wajid, 80, porém, apoia o protesto. "Eles [manifestantes] falam que está tendo racismo e é verdade. Esse shopping deveria ser misto, mas só tem branco". SHOPPING A assessoria de imprensa do shopping Higienópolis afirmou, por meio de nota, que "a manifestação foi pacífica e apenas observada de longe pelos seguranças". Disse, ainda, que "atribui a escolha do local à proximidade com a cracolândia" e pela repercussão por ser um bairro de destaque na mídia. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |