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Carnaval 2012

Lavando as mãos

Lavapés, escola de samba mais antiga de São Paulo, corre o risco de acabar por falta de verba

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

A madrugada de domingo de Carnaval poderá ser decisiva para a história do samba paulista. Na Vila Esperança, zona leste, ocorre o desfile do grupo 4, organizado pela União das Escolas de Samba.

Longe dos holofotes, a Lavapés, da Baixada do Glicério, no centro, vai para o tudo ou nada. Praticamente, ela luta pela sua sobrevivência.

Aos 75 anos, a escola de samba mais antiga em atividade no Estado não conta com nenhum patrocínio importante. Desde os anos 1970 ela está fora da elite. Seus dirigentes adiantam: se não subir, a escola pode acabar.

No ano passado, mais um passo em direção ao "ao fundo do poço". Rebaixada ao grupo quatro, o último do carnaval paulista, a agremiação não recebe mais o cachê público para desfilar na cidade.

"Não trabalho com a hipótese de não conseguir subir. No grupo três, o cachê é de R$ 60 mil aproximadamente, o que já ajuda bastante a fazer o desfile", diz Rosimeire Marcondes, atual presidente.

'AGUERRIDOS'

Para este ano, conta ainda a neta fundadora da escola, está tudo pronto. Não há quadra, mas o barracão da escola funciona na casa da presidente. "Temos uma comunidade aguerrida", afirma.

Mesmo sem querer falar sobre o próximo ano, caso a escola fique no quarto grupo, Marcondes admite: "Se não subirmos será muito difícil [fazer o carnaval de 2013]".

Entre grupos ligados à história do carnaval paulistano existem conversas para que a tradição da Lavapés seja mantida a qualquer custo, como uma forma de resistência, mesmo que o acesso ao grupo três não ocorra.

O tema da escola neste ano é atual: "Terra, um presente para preservar", que fala sobre as questões ambientais.

Um das estrofes do refrão do samba-enredo serve bem para ilustrar o momento atual: "É hora de refletir/nossa existência não pode se acabar".

MADRINHA EUNICE

A Lavapés cantará o "ambiente" no domingo. Mas a história toda começa em 1937, graças à decisão inusitada de uma mulher. Deolinda Madre resolveu criar uma escola de samba e não um bloco ou cordão, como era mais comum.

Até os anos 1960, ao lado de Vai-Vai e Peruche, a escola centraliza as atenções. Ganhou 19 vezes o campeonato.

A madrinha, uma negra pobre que vendia limões, morreu aos 87 anos em 1997. Ela está na lista dos cinco baluartes do samba paulista.

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