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Wladimir Lobato Paraense (1914-2012)

O mais antigo pesquisador de caramujos

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Por pouco Wladimir Lobato Paraense não perdeu o concurso. "A porta se fechou logo que eu entrei, fui o último a me inscrever", lembrou, numa entrevista. Em 1942, o médico foi aprovado no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio.

Responsável pela descoberta do caramujo vetor da esquistossomose, o especialista em moluscos era o mais antigo pesquisador da instituição, onde trabalhou praticamente até o fim da vida.

O sobrenome entregava a origem: era de Igarapé-Miri (PA), mas cresceu em Belém.

Em Recife, formou-se em medicina. Passou um tempo em São Paulo especializando-se em anatomia patológica, graças a uma bolsa criada por Assis Chateaubriand. Logo foi para o Rio.

Pesquisador emérito do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), foi o primeiro a comprovar o ciclo exoeritrocitário (quando o parasita sobrevive fora das hemácias) da malária.

Em Minas, onde conheceu a companheira, Sylvia, bióloga, estudou a leishmaniose.

Aposentou-se por volta dos 70 anos, mas continuou atuando. "Tenho que ir cuidar dos meus caramujos", dizia, dirigindo-se ao trabalho. Há cerca de dois, começou a ter dificuldades para andar.

Era calado e fazia tudo certinho, cronometrado, lembra a mulher. Entusiasmava-se ao lembrar do passado, do qual falava com gosto. Culto, gostava de ler sobre história.

Morreu no sábado, aos 97, de falência de órgãos. Teve uma filha, do segundo casamento, e dois netos. A cremação será hoje, às 8h30, no crematório da Santa Casa do Rio.

coluna.obituario@uol.com.br

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