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Lindemberg é condenado a quase 100 anos

Assassino confesso da ex-namorada Eloá foi considerado culpado por todos os crimes dos quais foi acusado no tribunal

Decisão ocorre após quatro dias de um julgamento marcado por críticas à imprensa e à atuação policial

Lalo de Almeida/Folhapress
Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, fala com a imprensa após a condenação de Lindemberg Fernandes, em Santo André
Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, fala com a imprensa após a condenação de Lindemberg Fernandes, em Santo André

DE SÃO PAULO

Frio, egoísta e vaidoso. Assim a juíza Milena Dias classificou o motoboy Lindemberg Alves Fernandes, 25, momentos antes de anunciar a pena: 98 anos e dez meses de prisão.

Assassino confesso da ex-namorada Eloá Pimentel, 15, ele foi condenado por todos os crimes dos quais foi acusado: homicídio, tentativas de homicídio, cárcere privado e disparo de arma de fogo.

O caso ocorreu em 2008 no apartamento da vítima, em Santo André, no Grande ABC.

A pena só não superou cem anos porque houve atenuantes: Lindemberg era réu primário e confessou o crime. Ele ficará, no máximo, 30 anos na prisão, conforme a lei brasileira. Três já foram cumpridos.

O resultado foi divulgado ontem após quatro dias de um julgamento marcado por críticas à polícia e à imprensa e por intensos bate-bocas.

A advogada Ana Lúcia Assad disse que vai pedir a anulação do julgamento. Para ela, como todos os crimes aconteceram dentro de só um contexto, a pena de homicídio poderia ser mantida, mas as outras deveriam ter sido atenua-das com base no fato de ter havido "crime continuado".

Além de ver seu cliente condenado a quase cem anos, a advogada pode ter problemas por causa de sua atuação. No segundo dia de julgamento, ela mandou, em certo momento, a juíza voltar a estudar. A magistrada quer um processo por injúria e difamação.

DEBATE

No último dia de júri, a promotora Daniela Hashimoto tentou demonstrar que o réu premeditou o crime: comprou arma, manteve pessoas em cárcere privado e atirou para matar Eloá, Nayara Rodrigues da Silva e um PM com quem fazia a negociação.

Tudo isso porque considerava Eloá um "objeto" e não aceitava o final do namoro, de acordo com a promotora.

Já a defesa sustentou a tese de que a morte foi acidental. Ele teria atirado porque se assustou com a invasão policial. Ela também enfatizou que parte da imprensa e dos policiais eram corresponsáveis pelo desfecho trágico do crime. "Juridicamente, eu não posso colocá-los sentados ao lado dele. Mas, moralmente, posso", afirmou.

Foi o ponto alto da argumentação da advogada, que usou o debate para se defender de críticas que disse ter recebido da acusação e da mídia. Ela afirmou ter sido retratada como "burra" e "louca".

A promotora usou recursos dramáticos, gesticulando com a arma do crime, descarregada, em suas mãos.

Ao descrever o instante do crime, puxou o gatilho, simulando os tiros dados pelo réu durante a invasão policial.

A cena provocou reação na plateia, incluindo Ana Cristina Pimentel, mãe de Eloá, que chorou.

(ROGÉRIO PAGNAN, TALITA BEDINELLI, ANDRÉ MONTEIRO, ANDRÉ CARAMANTE E AFONSO BENITES)

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