Adolescente admite que foi autorizado a usar jet ski na praia

O adolescente de 13 anos envolvido no acidente de jet ski que matou a menina Grazielly Lames, 3, no sábado passado, em Bertioga (103 km de SP), afirmou ontem que foi autorizado pelo dono da casa onde estava hospedado a usar a embarcação.

Em depoimento à Polícia Civil e ao Ministério Público, disse ainda ter ligado o jet ski com um amigo, também menor de idade. O jovem afirmou ainda que não montou o jet ski nem o pilotou.

O menino disse que teve a autorização dos padrinhos, os empresários José Augusto Cardoso e Ana Júlia Campos Cardoso, para colocar na água o veículo, que é de propriedade do casal. A mãe do menino também confirmou que Cardoso, que é pré-candidato à Prefeitura de Suzano (Grande SP), foi quem autorizou o uso do jet ski.

O menino contou que esperava a madrinha, que é habilitada, mas como ela demorou, decidiu ligar o jet ski. Menores de 18 anos são proibidos de pilotar embarcações.

A mãe disse que após o acidente foi para sua casa de veraneio, na Riviera de São Lourenço, por temer represálias.

O delegado Maurício Barbosa Júnior afirma que o caso é tratado como ato infracional, já que o causador do acidente é menor. Barbosa Júnior não quis especificar se Cardoso poderá responder pela morte da criança.

A Folha não divulga os nomes menor e dos pais dele para não expor o jovem, como prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Já o do casal foi divulgado pois só essa informação não é suficiente para identificar o menor.

Uma testemunha-chave do caso, porém, diz que o menino acelerou o jet ski de forma "repentina, violenta e total". O veículo teria empinado, quicado na água várias vezes e seguiu em alta velocidade até atingir Grazielly.

O delegado tem informações de que não o jovem já andou de jet ski em outras ocasiões. Essa mesma testemunha diz que o menino pilotava a embarcação e levava um amigo na garupa.

Essa testemunha, que não teve o nome divulgado, disse ter visto um adulto e os adolescentes levando o jet ski para o mar. Essa informação contradiz o depoimento do caseiro Erivaldo Francisco de Moura, que havia dito ter sido "surpreendido" ao saber que os garotos tinham levado o jet ski, sem autorização.