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Ilhado, pai de Marina Silva fica em casa por temer saques

	Odair Leal/Folhapress
	O aposentado Pedro Augusto da Silva, 84, pai de Marina Silva, observa de sua casa a cheia do rio Acre, em Rio Branco

Isolado e sem luz elétrica por causa da cheia do rio Acre, o pai de Marina Silva (sem partido), candidata derrotada à Presidência, se recusa a deixar a casa onde vive, em Rio Branco. O seringueiro aposentado Pedro Augusto da Silva, 84, afirma temer saques.

Silva mora no bairro Cidade Nova, numa área margeada pelo rio Acre. Para ir até a casa de vizinhos, o único jeito é usar uma canoa.

No local, a enchente já atingiu 935 casas e 3.740 pessoas, segundo a Defesa Civil.

Para abastecer a residência, Silva vem contando com a ajuda de familiares. Água nas torneiras não tem. "Quando a água do rio estava lá embaixo, Marina pediu para eu sair, mas só vou se a água subir no assoalho. Ainda faltam 45 cm", disse à Folha.

A casa dele, uma palafita construída em madeira há 25 anos, resistiu à cheia histórica de 1997. "Essa casa era baixa na época, tinha 1,50 metro de altura [do chão], mas deu água na minha cintura. Aí, eu levantei para 2,20 metros."

Para suportar as enchentes, Silva fincou a palafita em estacas de concreto. Nos últimos 12 dias, segundo ele, as águas subiram mais de 2 metros -cobrindo seis dos oito degraus que dão acesso à casa. Ele usa uma vara de madeira para medir a cheia.

Silva vive com a filha Maria Elizeth, 48, a filha dela e mais dois netos, todos adultos. Como não têm televisão, um radinho de pilha fica ligado o tempo todo.

Mais de um quilômetro e meio das ruas do bairro estão inundadas, segundo a prefeitura. Muitas casas estão abandonadas. "Não podemos abandonar a casa. Se deixar, roubam tudo. A polícia não apareceu aqui", contou.

Como a família Silva, a vizinha Antônia Rodrigues de Andrade, 69, resiste em deixar a moradia. "Só tenho medos dos ratos, que vêm nadando por todo lado", disse.