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Enchente em Rio Branco deixa 3.299 casas submersas

Levantamento da Defesa Civil mostra que 22,3 mil imóveis e mais de 89 mil pessoas foram atingidas

Energia elétrica é desligada na zona portuária para evitar acidentes; morador monta vigília antissaque

KÁTIA BRASIL
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FELIPE LUCHETE
DE SÃO PAULO

Escaldados pelas cheias do rio Acre, moradores de bairros pobres de Rio Branco estão fazendo de tudo para tentar salvar os móveis de casa.

Alguns suspendem o que podem em estacas. Outros pregam camas nas paredes. A eles só resta andar sobre marombas, um segundo assoalho montado dentro de casa, usando restos de madeira que encontram.

Segundo a Defesa Civil, 22,3 mil imóveis e mais de 89 mil pessoas foram atingidas na capital -até sexta, 1.355 delas estavam em abrigos. Ao menos uma pessoa morreu -um jovem de 19 anos que fazia trabalhos voluntários.

No bairro Taquari, na zona portuária da cidade, onde a situação é mais grave, a energia elétrica foi desligada para evitar acidentes. Há 3.299 casas praticamente submersas. Muitos moradores dependem de auxílio do poder público, como cestas básicas e água potável.

Sobre uma maromba, Rosineide Pereira Pires, 40, circula na casa, uma palafita de madeira com três cômodos, com o filho, Wellington Pires de Souza, 22, e três cães.

"Quando a água bateu em minhas pernas, procuramos amarrar os móveis nas paredes e construir a maromba."

SAQUES

À noite, a insegurança aumenta. Os ladrões furtam até as lâmpadas das casas.

O mecânico Antônio Ronis Menezes da Silva, 27, deixou de trabalhar para vigiar a casa de alvenaria que comprou há oito anos, por R$ 35 mil.

Ele disse que, quando as águas do rio Acre subiram mais de dois metros, cobrindo as janelas da casa, levou a mulher, Francisca Santos, 32, e as duas filhas para casas de parentes.

Ora agachado sobre a maromba, ora deitado em uma rede, Silva monitora o entre e sai de canoas na rua.

Devido ao volume de água, não consegue mais ficar em pé na casa. Sem energia elétrica, usa velas e lanternas.

Ele contou que, na noite de quinta, durante uma tentativa de roubo em uma casa, um vizinho atirou contra um criminoso, mas ele escapou. "Não tem policiamento. Roubaram casas, o colégio, comércios", afirma.

O coronel Paulo Cézar Rocha dos Santos, subcomandante da Polícia Militar, disse que em Rio Branco houve apenas tentativas de saques no período de alagamento.

Ele confirmou, porém, ao menos 15 saques em Brasileia, cidade que fica a 231 km da capital Rio Branco. Segundo Santos, a PM faz patrulha fluvial em bairros alagados para garantir a segurança.

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